Record (Portugal)

GUERRA DE MILHÕES

Doze dos clubes mais ricos acordaram uma competição fechada e receberam resposta arrasadora do organismo que rege o futebol europeu: se avançarem, serão riscados de todas as competiçõe­s

- FRANCISCO LARANJEIRA

12 CLUBES JUNTARAM-SE PARA CRIAR SUPERLIGA EUROPEIA FECHADA

COMPETIÇÃO PODE GARANTIR 350 M€ A CADA UM

UEFA AMEAÇA-OS COM EXPULSÃO DE TODAS AS PROVAS

FERNANDO GOMES LIDERA COMBATE A ESTA PROPOSTA

ORGANISMO APROVA HOJE NOVO FORMATO DA CHAMPIONS

çA superliga europeia foi ontem apresentad­a já noite dentro como uma ‘bomba’ que promete abalar a estrutura do futebol do Velho Continente: os 12 clubes fundadores – Milan, Juventus e Inter, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Man. City, Man. United e Tottenham e Atl. Madrid, Barcelona e Real Madrid–, sob o comando de Florentino Pérez, líder dos merengues, chegaram a acordo para a criação da nova competição fechada, que terá outros três clubes convidados. “Vamos ajudar o futebol a ocupar o lugar que lhe correspond­e no Mundo. É o único desporto global e a nossa responsabi­lidade como grandes clubes é responder ao desejo dos adeptos”, referiu Pérez, em comunicado, ‘reforçado’ por Joel Glazer, presidente do Man. United. “Ao reunir os melhores clubes e jogadores do Mundo, a superliga abrirá um novo capítulo no futebol europeu, assegurand­o uma competição de primeiro nível e um maior apoio financeiro para a pirâmide do futebol em geral”, frisou. Andrea Agnelli, líder da Juventus e da Associação de Clubes Europeus (ECA), prestou o seu apoio. “Juntámo-nos num momento crítico para permitir que o desporto que amamos seja sustentáve­l no futuro e dar aos adeptos um sonho e jogos de máxima qualidade para que alimentem a sua paixão”, resumiu o dirigente bianconeri. Porém, a própria ECA havia emitido um comunicado a reassegura­r o “compromiss­o com a UEFA e que a superliga teria forte oposição”. Ao fim da noite, Agnelli demitiu-se do organismo.

O plano é que a superliga europeia seja disputada por 20 clubes, que receberiam, pela inscrição... 350 M€: os 15 fundadores e outros cinco que se classifica­ssem para a prova anualmente com base no seu rendimento na época anterior. Os jogos seriam disputados durante a semana e os clubes continuari­am a competir nos respetivos campeonato­s. A temporada arrancaria em agosto com a participaç­ão em dois grupos de dez, a duas voltas; os três primeiros de cada grupo classifica­r-se-iam automatica­mente para os quartos-de-final. As equipas que terminasse­m na 4ª e 5ª posições disputaria num playoff a duas mãos. A final seria num encontro único, em final de maio, em campo neutro. O futebol feminino não foi esquecido e é intenção é avançar para a criação de uma prova semelhante.

UEFA não vai ficar quieta

A UEFA promete ser implacável. “Todos os que aceitem participar vão ser banidos das competiçõe­s domésticas, europeias e interconti­nentais, bem como os jogadores vão deixar de ser autorizado­s a representa­r as seleções nacionais”, podia ler-se no comunicado, que hoje vai aprovar em definitivo o novo formato da ‘sua’ Liga dos Campeões, que vai entrar em vigor em 2024 – na 6ª feira, o projeto foi aprovado no Comité de Competiçõe­s de Clubes da UEFA, presidido por Fernando Gomes.

A ratificaçã­o está agendada para hoje pelo Comité Executivo, em Montreux (Suíça). “A UEFA, Premier League, La Liga e Serie A, mas também a FIFA, continuam unidas no esforço de travar este projeto cínico”, atacou a UEFA, que conta com o apoio dos governos francês, alemão e inglês, bem como da Comissão Europeia, bem patente no tweet de Margaritis Schinas: “Não faz sentido reservar as provas desportiva­s para meia dúzia de clubes ricos e poderosos.”

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“PROJETO CÍNICO” PODE DEIXAR JOGADORES DESSAS EQUIPAS PROIBIDAS DE REPRESENTA­R AS RESPETIVAS SELEÇÕES

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GUERRA. Ceferin declarou guerra e Agnelli demitiu-se da ECA

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