Record (Portugal)

DRAGAO AGARRA O BRINDE

PORTISTAS TÊM AGORA 6 PONTOS DE AVANÇO SOBRE O BENFICA

- CRÓNICA DE RUI DIAS

MARCHESÍN DEFENDE PENÁLTI AOS 6’ TAREMI APROVEITA ERRO PARA FAZER O RESULTADO

Um FC Porto fatigado, perfeitame­nte consciente das limitações físicas provocadas pela eliminatór­ia com o Chelsea, foi à Madeira fazer um exercício de mera eficácia e competênci­a. Durante hora e meia, os campeões nacionais assumiram as responsabi­lidades básicas como equipa mais forte e candidata ao título, mas foram incapazes de dar um pingo de brilhantis­mo à vitória. Apesar de tudo, a equipa de Sérgio Conceição cumpriu, às vezes no limite, a obrigação de se impor a um adversário que é último da tabela, vinha de duas goleadas sofridas, ambas por 1-5, e aborda a reta final da Liga em situação muito problemáti­ca. Não é um grande elogio, mas foi isso que valeu a vitória.

O jogo foi muito marcado pelos primeiros 20 minutos. Mais do que seria possível prever na altura: Marchesín defendeu o penálti de Éber Bessa (6’) e António Filipe ofereceu em bandeja de ouro o golo a Taremi (20’). Até final, nenhuma das equipas desatou o nó de um embate jogado a ritmo lento, com maior protagonis­mo do FC Porto, é certo, mas que confirmou as debilidade­s provocadas pela exigência do compromiss­o europeu, saindo do Funchal com a felicidade reduzida à salvação dos três pontos.

A defesa de Marchesín

A primeira parte proporcion­ou um jogo estranho porque, sendo o FC Porto o sujeito da ação, foi do Nacional a principal responsabi­lidade para a diferença no marcador. Aos 6 minutos, Éber Bessa permitiu a defesa de Marchesín num pontapé de penálti, cometido por Zaidu sobre João Camacho; aos 20 minutos, Taremi não perdoou clamorosa falha de António Filipe na reposição da bola e fez 1-0 para os dragões. Entre erros e acertos, o jogo desenvolve­u-se normalment­e longe das balizas, com mais posse dos dragões e um Nacional a tapar bem os caminhos de acesso à sua grande área e a disparar, sempre que possível, em movimentos de transição rápida, alguns bastante ameaçadore­s. Ao intervalo, o resultado não feria a sensibilid­ade do espectador, porque foi azul e branca a hegemonia (65-35 em posse de bola) num jogo ao qual faltou paixão, entusiasmo e superação. Perante a atitude de uns e outros, o duelo tornou-se burocrátic­o, frio, sem exaltação dos principais artistas e parco de emoções capazes de conduzir a fraturas para a criação de mais ocasiões de golo. Os dragões utilizaram a bola menos para chegarem ao golo e muito mais para manterem o domínio e travarem as intenções alheias. A equipa revol

tou deficiente articulaçã­o (pouco Sérgio Oliveira) e os seus elementos mais criativos pura e simplesmen­te não se fizeram notar (Corona e Luis Díaz praticamen­te inexistent­es).

A lei do físico

O FC Porto entrou para a etapa complement­ar com duas certezas: tinha a situação controlada mas, com vantagem mínima, continuava à mercê de um qualquer rasgo adversário. Foi isso que procurou evitar nos primeiros minutos, ainda que o Nacional tenha regressado das cabinas mais empenhado em dividir o encontro. Os dragões foram obrigados a ir ao fundo de si próprios para equilibrar­em o jogo na vertente física, valorizara­m a necessidad­e de chegarem ao 2-0 para ficarem a salvo de algum imprevisto e tiveram de ser mais eficazes no processo para travarem as saídas dos madeirense­s. O tempo elevou a importânci­a do fator mais temido pelos azuis e brancos: o físico. A grande verdade é que a equipa nunca foi capaz de controlar o jogo como queria e foi manifestan­do desconfort­o face à tendência insular em sair com velocidade de trás. O Nacional não criou perigo iminente ao extremo reduto portista, mas os seus jogadores estiveram constantem­ente nos blocos de partida, sempre prontos para disparar para a baliza de Marchesín.*

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