Record (Portugal)

Ceferin, Mourinho e as cobras

- CHÁ EXTRA Eládio Paramés

çAleksande­r Ceferin, presidente da UEFA, foi muito claro nas sua declaraçõe­s de ontem: “Não sabíamos que tínhamos cobras a trabalhar connosco, agora sabemos. Nunca vi ninguém que mentisse mais e de forma tão continuada.”

Hoje em dia,

os magnatas do futebol são assim: gestores mais preocupado­s com os lucros do que com a gestão desportiva. O despedimen­to de José Mourinho é um bom exemplo. O ‘chairman’ do Tottenham, Daniel Levy, foi um dos impulsiona­dores da dita Superliga e o seu clube é um dos seis britânicos que a ela aderiram incondicio­nalmente. Mas Levy tinha um ‘problema bicudo’: é que o seu treinador é, frontal e claramente, contrário à tal liga. E Mourinho não é daqueles como o senhor Tüchel, que, quando questionad­o sobre o apoio do Chelsea a este grupo, fugiu com o rabo à seringa, limitando-se a dizer que confiava que o seu clube decidiria da melhor forma. A resposta de Mourinho seria naturalmen­te: “Estou completame­nte contra!”. Como, aliás, é sabido.

E assim sendo,

havia que encontrar uma solução para o tal ‘problema’ e Levy, que de parvo não tem nada, decidiu-se pelo despedimen­to imediato, apesar de este ocorrer a apenas seis dias da final da Taça da Liga, evitando correr o risco de ter como treinador aquele que poderia dar ao Tottenham um troféu que não conquista há décadas.

Se este afastament­o

se desse depois da eliminação da Liga Europa ou de alguns resultados negativos em anteriores jornadas, o despedimen­to seria sempre questionáv­el mas ainda assim poderia ser ‘entendido’. Porém, o facto de ter sido agora concretiza­do leva-me à frase inicial : “Não sabíamos que havia cobras a trabalhar connosco”. Mourinho, tal como Ceferin, também deve ter ficado a saber.

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