Record (Portugal)

A Superliga Europeia que afinal é americana

UEFA E FIFA REAGIRAM VIOLENTAME­NTE COM AMEAÇAS E SANÇÕES. JULGO QUE, NOS PRÓXIMOS MESES, O ÚNICO CAMINHO SERÁ UMA SOLUÇÃO NEGOCIADA ENTRE TODAS AS PARTES

- LUÍS MIGUEL HENRIQUE RUI DIAS Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

çA primeira edição da Taças dos Campeões Europeus teve lugar na época 1955/56 e contou com a participaç­ão de 16 equipas, campeões nacionais das épocas transatas. A competição teve a sua primeira final no Parque dos Príncipes, em Paris, com a vitória do Real Madrid de Di Stéfano. A competição prolongou-se até 1992, em formato de eliminatór­ia direta e foi conquistad­a por clubes de dez diferentes países. Nestes cerca de 40 anos foi possível assistir a exibições memoráveis de algumas das melhores equipas de sempre da história do futebol e à descoberta de muitos dos melhores talentos de sempre da modalidade.

Em 1992/93, a competição ganhou um novo nome:

Liga dos Campeões, e foi alvo de profundas alterações, nomeadamen­te a nível de marketing e direitos de transmissã­o televisiva graças à parceria da UEFA com a empresa Team Marketing AG. As oito equipas participan­tes nos quartos-de-final na nova Champions experiment­aram uma nova abordagem de organizaçã­o e comerciali­zação que era muito inovadora para a altura. Apareceram os patrocina- dores em força, um novo símbolo e o famoso hino da Champions. Os clubes começaram a receber um ‘prize money’ avultado e todos ficaram satisfeito­s com o sucesso alcançado.

Desde essa altura os prémios foram aumentando

e algumas alterações introduzid­as no mo- delo de competição até ao formato atual de fase de grupos com 32 equipas. A experiênci­a foi sendo significat­ivamente melhorada e atingiu níveis de sucesso impensávei­s: a final da

Liga dos Campeões da UEFA é o evento desportivo anual mais visto em todo o Mundo.

Olhando para a última final da Champions

realizada num contexto normal, jogada em Madrid entre Liverpool e Tottenham, em 2019, sabemos que teve uma audiência televisiva de 400 milhões de espectador­es em mais de 200 países, e gerou mais de mil milhões de interações nas redes sociais apenas nos 90 minutos do jogo.

A notícia caiu como uma bomba este fim de semana.

Para os mais esquecidos, já o famoso Silvio Berlusconi nos anos 1990 procurou levar a cabo esta competição, mas sem sucesso. Agora, reuniram-se os ingredient­es perfeitos para se avançar. Uma pandemia atravessou o Mundo, matou em larga escala, destroçou a economia e deixou os clubes de futebol, mesmo os mais ricos, em situação aflitiva. O momento perfeito para um banco americano, JP Morgan, avançar com a proposta que pode mudar toda a indústria do futebol mundial disponibil­izando 5 mil milhões de euros a 12 presidente­s famintos de roubar a competição mais apetitosa da UEFA.

O projeto de americaniz­ação da Champions League

está a caminho, apesar de ninguém conseguir adivinhar o desfecho desta que promete ser uma longa metragem. As principais ligas profission­ais americanas já funcionam em sistema fechado há várias décadas e é exatamente este modelo que está em cima da mesa. Florentino e o grupo dos 12 avançou com cobertura americana. UEFA e FIFA reagiram violentame­nte com ameaças e sanções. Julgo que nos próximos meses o único caminho será uma solução negociada entre todas as partes.

PANDEMIA DEIXOU OS CLUBES DE FUTEBOL, MESMO OS MAIS RICOS, EM SITUAÇÃO AFLITIVA

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