A Superliga Europeia que afinal é americana
UEFA E FIFA REAGIRAM VIOLENTAMENTE COM AMEAÇAS E SANÇÕES. JULGO QUE, NOS PRÓXIMOS MESES, O ÚNICO CAMINHO SERÁ UMA SOLUÇÃO NEGOCIADA ENTRE TODAS AS PARTES
çA primeira edição da Taças dos Campeões Europeus teve lugar na época 1955/56 e contou com a participação de 16 equipas, campeões nacionais das épocas transatas. A competição teve a sua primeira final no Parque dos Príncipes, em Paris, com a vitória do Real Madrid de Di Stéfano. A competição prolongou-se até 1992, em formato de eliminatória direta e foi conquistada por clubes de dez diferentes países. Nestes cerca de 40 anos foi possível assistir a exibições memoráveis de algumas das melhores equipas de sempre da história do futebol e à descoberta de muitos dos melhores talentos de sempre da modalidade.
Em 1992/93, a competição ganhou um novo nome:
Liga dos Campeões, e foi alvo de profundas alterações, nomeadamente a nível de marketing e direitos de transmissão televisiva graças à parceria da UEFA com a empresa Team Marketing AG. As oito equipas participantes nos quartos-de-final na nova Champions experimentaram uma nova abordagem de organização e comercialização que era muito inovadora para a altura. Apareceram os patrocina- dores em força, um novo símbolo e o famoso hino da Champions. Os clubes começaram a receber um ‘prize money’ avultado e todos ficaram satisfeitos com o sucesso alcançado.
Desde essa altura os prémios foram aumentando
e algumas alterações introduzidas no mo- delo de competição até ao formato atual de fase de grupos com 32 equipas. A experiência foi sendo significativamente melhorada e atingiu níveis de sucesso impensáveis: a final da
Liga dos Campeões da UEFA é o evento desportivo anual mais visto em todo o Mundo.
Olhando para a última final da Champions
realizada num contexto normal, jogada em Madrid entre Liverpool e Tottenham, em 2019, sabemos que teve uma audiência televisiva de 400 milhões de espectadores em mais de 200 países, e gerou mais de mil milhões de interações nas redes sociais apenas nos 90 minutos do jogo.
A notícia caiu como uma bomba este fim de semana.
Para os mais esquecidos, já o famoso Silvio Berlusconi nos anos 1990 procurou levar a cabo esta competição, mas sem sucesso. Agora, reuniram-se os ingredientes perfeitos para se avançar. Uma pandemia atravessou o Mundo, matou em larga escala, destroçou a economia e deixou os clubes de futebol, mesmo os mais ricos, em situação aflitiva. O momento perfeito para um banco americano, JP Morgan, avançar com a proposta que pode mudar toda a indústria do futebol mundial disponibilizando 5 mil milhões de euros a 12 presidentes famintos de roubar a competição mais apetitosa da UEFA.
O projeto de americanização da Champions League
está a caminho, apesar de ninguém conseguir adivinhar o desfecho desta que promete ser uma longa metragem. As principais ligas profissionais americanas já funcionam em sistema fechado há várias décadas e é exatamente este modelo que está em cima da mesa. Florentino e o grupo dos 12 avançou com cobertura americana. UEFA e FIFA reagiram violentamente com ameaças e sanções. Julgo que nos próximos meses o único caminho será uma solução negociada entre todas as partes.
PANDEMIA DEIXOU OS CLUBES DE FUTEBOL, MESMO OS MAIS RICOS, EM SITUAÇÃO AFLITIVA