A fome e a vontade de comer
JUNTOU-SE A FOME DOS GRANDES CLUBES ESPANHÓIS DE BASE ASSOCIATIVA COM A VONTADE DE COMER DOS CLUBES INGLESES, CONTROLADOS POR EMPRESAS E FINANCEIRAS NORTE-AMERICANAS
Antes de mais, tal como aqui escrevi a 27 de janeiro, continuo mais inclinado para um sério e agressivo ‘bluff’ dos 12 (ou pelo menos para boa parte) ‘clubes fundadores’ do que para um ‘Royal Flush’, ainda que o surgimento do JP Morgan em cena seja uma carta que tem a força suficiente para virar não só o jogo como para o fazer prevalecer, fruto da sua elevada competência técnica, capacidade financeira monstruosa, filosofia agressiva, altamente competitivo, totalmente vocacionado para a maximi- zação do lucro, desprovido de qualquer componente ético-moral da virtude social e desportiva do futebol.
Escrevi então no artigo supra aludido que “… o captar de mais receita pelos grandes clubes europeus (…) tornou-se impera- tivo em 2020 e será incontorná- vel pós-2021, derivado aos efeitos catastróficos da Covid-19”. Pois bem, foi aqui que se juntou a fome dos grandes clubes espanhóis como Real Madrid e Barcelona de base associativa com a vontade de comer dos clubes ingleses como Manchester United, Liverpool e Ar- senal, hoje em dia dominados e controlados por estruturas empresariais e financeiras norte-americanas, sendo a Juventus aqui uma espécie de ‘2 em 1’. Ou seja, o eixo empresarial e fi- nanceiro norte-americano que assentou arraiais em Inglaterra não percebe, não compreen- de e dificilmente aceitará que o negócio que tem em mãos (e para eles é apenas isso) não seja maximizado ao seu nível superlativo, principalmente, quando à mão de semear está a possibilidade de triplicar ou quadruplicar as receitas… o que, verdade seja dito, é uma barbaridade não compreensível por nenhum CEO e/ou acio- nista. Não foi isso que Domingos Soares de Oliveira nos deu a entender em novembro de 2020, pois ainda que não concorde, como se poderá dizer não, caso se torne realidade?
Chegados aqui, atrevo-me mesmo a ir mais além, afirmando mesmo que quando estas operações foram adquiridas e financiadas pelas estruturas empresariais e financeiras norte-americanas, identificaram claramente o potencial de crescimento que ainda tinham e foi isso que também compraram – a possível maximização do seu investimento através de uma reformulação dos modelos de negócio e/ou valor da ‘mercadoria’ (produto futebol) vendida. Só que esta vontade de comer anglo-saxónica do eixo EUA/Inglaterra não foi até hoje suficiente para mudar a regras do jogo. Foi necessário juntar a fome de clubes como Real Madrid e Barcelona, fruto do enorme impacto recessivo nas suas contas provocadas pela pandemia… e contrariamente aos clubes ingleses acima referenciados, Real e Barcelona são de base associativa e os seus presidentes eleitos ou depostos por simples vontade dos seus associados.
Florentino Pérez, na entrevista de 2.ª feira, falou de muita coisa de forma expressa mas muito mais nos disse através de comunicação não-verbal. O que pode a UEFA fazer para reverter a situação: dividir para reinar. Perceber que clubes e respetivos líderes como Real Madrid e Barcelona precisam de (muito) dinheiro e já. Como Florentino avisou… há clubes que não aguentam a espera dos dois anos pelo novo modelo da Champions. Real Madrid, se calhar, à cabeça!
HÁ CLUBES QUE NÃO AGUENTAM ESPERAR DOIS ANOS PELO NOVO MODELO DA CHAMPIONS