Superlogro
Os leitores são testemunha da luta que aqui travo contra a Superliga: já em março de há dois anos eu dizia poder transformar-se “numa perigosa agressão ao edifício que sustenta o futebol há mais de um século”. E só peca por tardia a reação enérgica que teve Aleksander Ceferin – é bom recordar que, no início desta saga, chegou a ‘namorar’ com Andrea Agnelli e Florentino Pérez a possibilidade de as ideias egocêntricas dos presidentes do Real Madrid e da Juventus se desenvolverem no seio da própria UEFA. Acabou por escolher a barricada certa, e agora o que importa é deixar completamente isolados todos aqueles que ignoram que o Real Madrid e a Juventus só se tornaram clubes poderosos porque também existem clubes como o Espanyol, o Betis, o Crotone ou a Salernitana. Florentino, Agnelli e todos os restantes que alinharam nesta saga interesseira e despudorada não percebem que seguir as suas vontades gananciosas seria estar a matar a galinha dos ovos de ouro. Custa ver na lista especialmente o Liverpool, mas os seus donos norte-americanos nunca entenderão o ‘You’ll never Walk Alone’. Estão cegos pelos milhões que lhes acenam investidores que, também eles, só querem saber do lucro fácil. A nossa esperança passa muito pela forma escandalizada como Sir Alex Ferguson, Ander Herrera, Gary Neville, Boris Johnson e tantos outras craques e entidades reagiram (mas aguardo que a União Europeia deixe claro que o direito comunitário não permite, como é entendimento dos especialistas, uma liga fechada). E a elite sem-vergonha ainda vai ter de lidar com os milhões de adeptos que nunca aceitarão a perversão de um desporto que adoram.