ADEPTOS INGLESES
A revolta dos adeptos, jogadores e treinadores, bem como a ‘bazuka’ da UEFA, provocaram a suspensão de um projeto elitista que durou somente dois dias
OURO: Deram ontem uma prova inequívoca de amor ao futebol, manifestando-se contra a criação da Superliga Europeia, e estiveram na base do recuo dos clubes ingleses. Parabéns!
A Superliga foi suspensa indefinidamente dois dias após ter nascido... e não deixou saudades! A rejeição da prova por parte dos adeptos (via manifestações), dos jogadores e dos treinadores (através de declarações ou comunicados nas redes sociais) foi fundamental para este abrupto desfecho. Inicialmente composto por 12 clubes (ver infografia), o grupo de ‘rebeldes’ foi perdendo participantes até... ficar vazio. “Vamos reconsiderar os passos mais apropriados no sentido de reformular o projeto”, lê-se no comunicado emanado pela Superliga já perto da uma da manhã.
O Manchester City foi o primeiro a desertar, anunciando a saída através de um comunicado emanado às 22 horas. “Estou maravilhado por poder trabalhar com eles”, vincou de imediato Aleksander Ceferin, presidente da UEFA. Uma hora mais tarde, o ‘efeito dominó’ levou de arrasto o Manchester United, o Liverpool, o Tottenham, o Arsenal e o Chelsea. Horas depois capitularam os restantes. “Cometemos um erro e pedimos desculpa”, escreveu o Arsenal no Twitter. O Manchester United anunciou a saída de Ed Woodward, o CEO, no final da época, enquanto Andrea Agnelli, dono da Juventus, vincou que não se demitirá.
A jornada traduziu-se numa grande vitória para a UEFA, que sempre considerou a Superliga um ninho de gananciosos antifutebol. O organismo sediado em
Nyon lançou uma espécie de contra-ataque logo de manhã, deixando sair a informação de que irá realizar um investimento de 4,5 mil milhões de euros na nova Champions, podendo o mesmo, segundo adianta a RMC, ascender aos 7 mil milhões. A guerra de palavras prosseguiu ao mais alto nível ainda antes da hora do almoço. Gianni Infantino, líder da FIFA, quebrou o silêncio e lançou um ultimato aos ‘desertores’. “[Os 12 clubes] são responsáveis pelas suas escolhas. Não podem ficar a meio caminho. Ou estão dentro ou estão fora. Vão ter de conviver com as consequências dos seus atos”, disse o dirigente. Aleksander Ceferin voltou à carga antes do meio-dia, tornando a lançar um ataque à Superliga. “Cometeram um enorme erro. Alguns dizem que é ganância, outros falam em arrogância. Ainda vão muito a tempo de mudar de opinião”, vincou o líder da UEFA.
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OS CLUBES FORAM BATENDO COM A PORTA AO LONGO DA NOITE ATÉ À CAPITULAÇÃO FINAL JÁ PERTO DA UMA DA MANHÃ