Record (Portugal)

ADEPTOS INGLESES

A revolta dos adeptos, jogadores e treinadore­s, bem como a ‘bazuka’ da UEFA, provocaram a suspensão de um projeto elitista que durou somente dois dias

- FILIPE BALREIRA, NUNO POMBO E RAFAEL GODINHO

OURO: Deram ontem uma prova inequívoca de amor ao futebol, manifestan­do-se contra a criação da Superliga Europeia, e estiveram na base do recuo dos clubes ingleses. Parabéns!

A Superliga foi suspensa indefinida­mente dois dias após ter nascido... e não deixou saudades! A rejeição da prova por parte dos adeptos (via manifestaç­ões), dos jogadores e dos treinadore­s (através de declaraçõe­s ou comunicado­s nas redes sociais) foi fundamenta­l para este abrupto desfecho. Inicialmen­te composto por 12 clubes (ver infografia), o grupo de ‘rebeldes’ foi perdendo participan­tes até... ficar vazio. “Vamos reconsider­ar os passos mais apropriado­s no sentido de reformular o projeto”, lê-se no comunicado emanado pela Superliga já perto da uma da manhã.

O Manchester City foi o primeiro a desertar, anunciando a saída através de um comunicado emanado às 22 horas. “Estou maravilhad­o por poder trabalhar com eles”, vincou de imediato Aleksander Ceferin, presidente da UEFA. Uma hora mais tarde, o ‘efeito dominó’ levou de arrasto o Manchester United, o Liverpool, o Tottenham, o Arsenal e o Chelsea. Horas depois capitulara­m os restantes. “Cometemos um erro e pedimos desculpa”, escreveu o Arsenal no Twitter. O Manchester United anunciou a saída de Ed Woodward, o CEO, no final da época, enquanto Andrea Agnelli, dono da Juventus, vincou que não se demitirá.

A jornada traduziu-se numa grande vitória para a UEFA, que sempre considerou a Superliga um ninho de ganancioso­s antifutebo­l. O organismo sediado em

Nyon lançou uma espécie de contra-ataque logo de manhã, deixando sair a informação de que irá realizar um investimen­to de 4,5 mil milhões de euros na nova Champions, podendo o mesmo, segundo adianta a RMC, ascender aos 7 mil milhões. A guerra de palavras prosseguiu ao mais alto nível ainda antes da hora do almoço. Gianni Infantino, líder da FIFA, quebrou o silêncio e lançou um ultimato aos ‘desertores’. “[Os 12 clubes] são responsáve­is pelas suas escolhas. Não podem ficar a meio caminho. Ou estão dentro ou estão fora. Vão ter de conviver com as consequênc­ias dos seus atos”, disse o dirigente. Aleksander Ceferin voltou à carga antes do meio-dia, tornando a lançar um ataque à Superliga. “Cometeram um enorme erro. Alguns dizem que é ganância, outros falam em arrogância. Ainda vão muito a tempo de mudar de opinião”, vincou o líder da UEFA.

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OS CLUBES FORAM BATENDO COM A PORTA AO LONGO DA NOITE ATÉ À CAPITULAÇíO FINAL JÁ PERTO DA UMA DA MANHÃ

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FIM. Projeto separatist­a começou no domingo à noite e foi suspenso ao início da madrugada de hoje

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