Record (Portugal)

O Sporting está canhoto

APÓS AS ENTRADAS DE TABATA E BRAGANÇA, A EQUIPA DE RÚBEN AMORIM FICOU A JOGAR COM OITO ESQUERDINO­S. QUANDO O LADO DIREITO FICA ENTREGUE A CANHOTOS SURGE A ANARQUIA TÁTICA

- RUI CALAFATE EDUARDO DÂMASO

Duvido que alguma vez na história uma equipa tenha atuado com tantos canhotos ao mesmo tempo como este Sporting. Desde a entrada de Tabata e de Bragança, o Sporting atuou com oito canhotos, até à saída de Matheus Reis.

Os canhotos são um bem inestimáve­l no futebol, pela forma como cruzam e pela especialís­sima técnica que abençoa muitos deles. Claro que na soma de oito canhotos está Adán, que, sendo canhoto, tem dois pés direitos, como se viu no segundo golo do Belenenses. Demasiados canhotos em campo tornam o jogo estranho. Quando o lado direito fica entregue a canhotos como Tabata e Gonçalo Inácio, a quem, em várias situações, se juntava Nuno Santos, numa anarquia tática pouco edificante, não adianta ter Coates e Paulinho na área. Poucas bolas jogáveis lá chegarão. Com a saída de Matheus Reis e a entrada de Matheus Nunes, os canhotos continuara­m em maioria, mas a anarquia tática ficou menos grave.

O Sporting está a jogar sobre

brasas. E isso compreende-se. O que não se entende tão bem é por que caíram a pique jogadores fulcrais, com Palhinha à cabeça. Está a jogar condiciona­do? Então talvez seja melhor descansar e voltar o gran- de Palhinha, que chegou à Seleção e depois ficou assim, com menos eficácia e sem intensidad­e. Também Porro chegou

PALHINHA E PORRO REGRESSARA­M DAS SELEÇÕES COM MUITO MENOS

da seleção espanhola com muito menos eficácia. Agora que a equipa mais precisava deles, estes pontos altos de toda a época estão a afundar. Sem nunca brilhar continua João Mário. Dá toques e toquinhos na bola, adequando o ritmo da equipa à sua falta dele. É um jogador maravilhos­o (não há razão para usar o passado), mas não está em forma há anos. Precisa de voltar a vibrar, a acreditar mais no seu futebol. Ousar passes de rutura, como só ele poderá fazer. A jogar como tem jogado, não merece a titularida­de.

O Belenenses foi uma agradável surpresa pela capacidade de se desdobrar para o ataque. Mesmo com equipas de meio da tabela, a equipa de Petit pecava pelo encolhimen­to. Ontem, chegou sempre à frente com perigo e métodos simples.

A liga dos milionário­s egoístas não irá acontecer. A simples tentativa de golpe mereceria uma penalizaçã­o aos cabecilhas. Não é que a UEFA e a FIFA sejam um modelo de virtudes, mas se o futebol de clubes na Europa e nas grandes provas de seleções deixar de respeitar o elevador social, que permite a uma pequena equipa poder sonhar ser a maior, vencer os maiores, perderá beleza e sentido de justiça.

Foi emocionant­e a reação dos adeptos ingleses. O Povo do berço do jogo salvou o espírito que o tem feito único. Será preciso travar futuras investidas destes milionário­s egocêntric­os. Eles vão voltar a atacar.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal