A fuga dos apóstolos
Esta semana fomos acordados em sobressalto com a notícia de que 12 clubes apóstolos de uma força maior iriam iniciar uma competição intitulada de Superliga Europeia, onde teriam no seu quadro 15 clubes fundadores e outros 5 como convidados especiais.
A receita era simples,
um fundo americano montara uma operação financeira e comercial vitalícia para estes eleitos, a troco de uns módicos 3,5 mil milhões de euros (a distribuir entre todos), só para adoçar a boca. O curioso é que esta Superliga Europeia só contemplava e para já clubes de 3 países da Europa.
Olhando em detalhe para o conjunto destes clubes,
os mesmos totalizam um passivo global de 8,5 mil milhões de euros e todos (à exceção do Chelsea) apresentaram contas negativas no último ano de exercício.
A conclusão é clara.
Mesmo estes clubes com rótulos de ricos continuam a viver acima das suas possibilidades, vendendo-se por dinheiro em qualquer altura de desespero das suas vidas.
Hoje, existem três tipos de clubes:
os de um magnata que resolve brincar ao futebol como se estivesse a jogar manager no seu computador; os de um empresário ou empresa que tenta fazer uma gestão puramente económica, tendo como objetivos os resultados positivos e distribuição de dividendos; e os dos sócios, normalmente geridos por um decano com uma gestão desportiva aceitável (que é o que mais interessa aos sócios), mas com uma gestão financeira ruinosa e duvidosa que assentam sobretudo na acumulação do passivo do clube.
O futebol é hoje uma indústria desvirtuada
dos seus princípios. O dinheiro crescente que este desporto gera em receitas televisivas é tanto que os seus recetores não têm mãos a medir enquanto não o distribuem por todos e mais alguns.
O preço ridículo que se paga por muitos jogadores sem qualidade,
por jogadores para as equipas B, por jovens promessas que nunca hão de passar disso mesmo, ou pelas comissões que os empresários e intermediários do futebol cobram por cada transação ou renovação contratual matam de vez este futebol.
Desta vez, estes ‘judas’ do futebol,
onde alguns deles ainda tinham o pé na Champions (Real Madrid e Chelsea) e já salivavam por um futuro sem ela, foram travados pelos políticos europeus e pela força dos seus adeptos e antigos símbolos dos clubes.
Este foi um sério aviso para o futebol.
Já não basta o fair play financeiro. O controlo sobre a gestão destes clubes e sobre os seus dirigentes tem de ir muito para além do que está.