Record (Portugal)

"O meu desejo é ficar no Sporting"

- UNITED ABRE CONVERSAS POR NUNO MENDES

“Clube já demonstrou que quer ficar comigo”

“Fomos calando muitas bocas ao longo da época”

“Vitória em Braga foi perfeita e decisiva”

“Fernando Santos sabe o que posso acrescenta­r à Seleção”

“Coates foi o melhor jogador da Liga”

“Na rua a palavra que mais me dizem é obrigado”

Com o campeonato no bolso, o médio aborda pela primeira vez e em exclusivo a hipótese – forte – de continuar no clube onde renasceu, admite, após uma época difícil na Rússia. Hugo Viana, diretor desportivo, já deu o primeiro passo: falta, agora, convencer o Inter

çCinco anos após ter saído para o Inter, de Itália, voltou ao Sporting para cumprir o que não conseguiu em 2016, ser campeão. Poder vencer aquilo que nunca tinha vencido foi determinan­te para precipitar o seu regresso?

JOÃO MÁRIO – Vinha de um ano complicado na Rússia [Lokomotiv Moscovo], onde me lesionei e onde o campeonato também era diferente do português. Param, só competem em março… No espaço de um ano fiz seis, sete jogos… Sabia que não estava nas melhores condições e queria jogar num sítio onde me sentisse acarinhado, onde as pessoas gostassem de mim e por isso fazia todo o sentido regressar. Foi engraçado porque aconteceu depois da derrota com o LASK. O Inter tinha outras opções e eu batia muito com a questão de o Sporting ir jogar a Liga Europa, de aqui me sentir em casa. Tive de fazer algum ‘pressing’ após essa derrota junto do Inter, mas foi a decisão mais do que acertada. Depois de termos ficado em 4º lugar, ninguém nos pedia o título. Quando falei com o presidente [Frederico Varandas], ele tinha a convicção de que podíamos ser campeões e isso surpreende­u-me um pouco, pois vínhamos de um 4º lugar. Ele foi a primeira pessoa que me passou essa mensagem e que me fez acreditar.

“PRESIDENTE FOI A PRIMEIRA PESSOA A PASSAR A MENSAGEM DE QUE PODÍAMOS SER CAMPEÕES E FOI ELE QUE ME FEZ ACREDITAR”

O coração pesou? Tinha propostas mais vantajosas?

JM – Sim. Na altura também tinha outras propostas, mas queria jogar onde me sentisse bem e em casa. A minha mulher também estava grávida e queria que a minha filha [Olívia] nascesse em Portugal. Houve muitas coisas que me ajudaram a decidir este regresso, entre as quais olhar para o plantel e acreditar no que podíamos fazer. Acabei por tomar a melhor decisão.

Mas alguém o desaconsel­hou a regressar ao Sporting?

JM – Sim, tive muitos amigos – e não só – que me desaconsel­haram, porque o clube não passava um bom momento, não só a nível desportivo. Mas eu sempre pensei pela minha cabeça: aliás, muita gente me disse ‘não vás para a Rússia’, ‘não vás para o Inter’… Há pessoas que me aconselham mais do que outras, mas a decisão final é sempre minha. Acreditava que era o sítio ideal para estabiliza­r na minha vida pessoal e profission­al. Em cinco anos joguei em Itália, em Inglaterra, na Rússia e depois voltei para Portugal. Há momentos em que te sentes mais instável, mas o melhor foi vir para o Sporting.

E por pensar pela sua cabeça, já tomou decisões erradas?

JM – É impensável para um jogador português, que acabou de ser campeão da Europa, aparecer um clube que pague 40 milhões de euros e dizer que não. Na altura muita gente dizia que o Inter não era ideal para mim, mas tu pensas sempre nos pontos positivos: jogar numa liga competitiv­a, o facto de ser mais vantajoso financeira­mente, toda a aprendizag­em que tive…

Não tenho nada para me arrepender. Há aquela mensagem ‘o comboio só passa uma vez’, mas eu aproveitei todos os momentos.

Está emprestado pelo Inter, com quem tem mais um ano de ligação. Pode ficar no Sporting?

JM – Sim, da minha parte há total disponibil­idade para ficar, mas vamos ver aquilo que o Sporting decide. Honestamen­te não consigo dizer o que será necessário para as negociaçõe­s, mas não vejo problemas nessa questão. Se houver disponibil­idade de ambas as partes, claro que sim.

“NÃO VEJO PROBLEMAS NAS NEGOCIAÇÕE­S. SE HOUVER DISPONIBIL­IDADE DE AMBAS AS PARTES, CLARO QUE FICO”

O presidente Frederico Varandas ou Hugo Viana, diretor desportivo, já falaram consigo nesse sentido?

JM – O presidente já o conheço há vários anos, porque foi, pri

meiro, meu médico na equipa B e mais tarde na equipa principal. Tenho uma excelente relação com ele e foi graças a ele que voltei ao Sporting. Não falei diretament­e com ele sobre isso, mas já falei com o Hugo Viana, que também foi uma pessoa fundamenta­l para o meu regresso. Aliás, quero destacar o papel de ambos, que nunca se intrometer­am no nosso trabalho durante esta temporada, agindo sempre de forma discreta mas presente – é o que deve ser. Tiveram o seu mérito na construção da equipa, cada vez que falavam connosco, porque ninguém ganha sozinho.

Já disse que abdicou de algumas coisas para voltar. Vai abdicar de mais para ficar?

JM – Não sei muito sobre a realidade do clube, do negócio, portanto não sei se terei de abdicar de alguma coisa – não será por aí. Se houver vontade, ninguém vai abdicar de nada.

Mas sente que estão a fazer um esforço por si? Já falaram com os seus representa­ntes?

JM – Como disse, já tive uma conversa com o Hugo Viana há pouco tempo sobre isso e ele mostrou a vontade do Sporting em ficar comigo; se nada mudar, é isso que espero que aconteça junto do Inter. Espero que o consiga fazer.

O que lhe dizem os adeptos na rua? Pedem que fique?

JM – A palavra que mais me dizem é ‘obrigado’, porque

fiz parte deste grupo que conquistou este título. É de todos, é nosso e é deles. O meu desejo é ficar no Sporting. Muitos vão-me pedindo isso. Será uma honra ficar cá. Espero que possa acontecer.

Ficando, gostava, por exemplo, de ser capitão de equipa?

JM – Sempre fui capitão no Sporting, desde a formação até à equipa B. Seria um sonho para mim, mas é como digo, quando tens um capitão como o Coates, que é um grande exemplo, não posso dizer que seja um objetivo, ficando no Sporting. É um grande exemplo para todos. Honestamen­te não posso dizer que seja um objetivo, seria desrespeit­oso para com um grande capitão.

E na próxima temporada pode voltar a jogar a Liga dos Campeões pelo Sporting, como em 2014/15...

JM – Voltar a jogar uma grande competição como a Champions pelo Sporting seria especial – já tive essa oportunida­de, então com o Marco Silva ao comando. É a prova que todos os jogadores querem jogar e jogar por um clube do qual gostas ainda melhor. Será uma questão que espero que seja resolvida o mais rápido possível, como já disse.

“O PRESIDENTE E O HUGO VIANA AGIRAM SEMPRE, DURANTE A ÉPOCA, DE FORMA DISCRETA, MAS PRESENTE”

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MAX TITULAR COM O MARÍTIMO ANDRÉ PAULO VAI TER MINUTOS
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