Record (Portugal)

V de Varandas e de Viana

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A Frederico Varandas e Hugo Viana têm de ser dados muitos dos créditos do título. Agora é fácil dizer que os 13 jogos (e as 10 vitórias) de Amorim em Braga já indiciavam um técnico especial. Mas não foi nada pacífico quando o Sporting aceitou pagar, com dinheiro que ainda não tinha, os 10 milhões de euros (mais os acrescento­s). Aprenderam com os erros e a Viana terá de se penhorar o engenho da descoberta de Porro, da aposta no mercado nacional e na sapiência de Adán, Feddal e João Mário. O plantel foi formado por forma a potenciar Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Tiago Tomás e outros da ‘fábrica’ de Alcochete, que voltou a ter estruturas dignas e qualificad­as. Mais: a história desta liga seria bem diferente se Viana não tivesse desviado Nuno Santos e Pote da rota do Dragão. A chegada de Paulinho em janeiro custou metade dos gastos em reforços, mas satisfez o treinador e deu outra dimensão ao jogo leonino. Varandas teve de fazer um despedimen­to coletivo e, mesmo assim, é bem capaz de ser o presidente do Sporting com sucesso mais instantâne­o: foi eleito em setembro de 2018 (com apenas 42,32% dos votos) e, desde aí, arrecadou um título nacional, uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga (para além da liga de futsal e dos dois títulos europeus de hóquei, entre múltiplos sucessos nas amadoras). As conquistas desta época premeiam quem, na hora do champanhe, soube dar palco aos jogadores e aos treinadore­s. Varandas mostrou ter aprendido que o presidente serve para presidir e para delegar competênci­as. Mas o seu êxito também prova que se pode ganhar com uma dignidade e uma compostura que envergonha os incendiári­os e todos aqueles que nos tentam convencer de que o sucesso desportivo é sinónimo de baixeza e até de malfeitori­as.

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