Record (Portugal)

Demasiado paraquedas

- JORGE FAUSTINO ex-árbitro

O meu último texto neste espaço focou-se no elogio à arbitragem portuguesa pelo facto de chegarmos ao final dos campeonato­s profission­ais e ‘ninguém’ considerar que os títulos de Sporting e Estoril se ficaram a dever às arbitragen­s. No contexto atual, isso é uma vitória dos árbitros. No entanto, nem tudo está bem no reino da Dinamarca (o texto original de Shakespear­e é mais duro e dizia que “existe algo podre no reino da Dinamarca”). Por reino da Dinamarca refiro-me, naturalmen­te, à arbitragem portuguesa que, felizmente, não tem nada de podre! Uma das coisas que não estão bem? Existir a perceção generaliza­da, comprováve­l por factos e números dos últimos jogos dos primeiros classifica­dos, de que os árbitros estão demasiado dependente­s do vídeo-árbitro para conseguire­m fazer arbitragen­s sem erros graves. Pierluigi Collina disse, há uns tempos, que o VAR “é um paraquedas que pode ajudar a corrigir um erro” e que os árbitros devem ser capazes “de decidir como se a tecnologia não existisse”. Para haver confiança nos árbitros, na sua competênci­a e decisões, estes têm de acertar mais vezes lá dentro. A credibilid­ade da arbitragem advém das boas decisões finais das equipas de arbitragem, mas a credibilid­ade de cada um dos árbitros advém das boas decisões individuai­s. O paraquedas tem de ser exceção e não a regra!

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