Demasiado paraquedas
O meu último texto neste espaço focou-se no elogio à arbitragem portuguesa pelo facto de chegarmos ao final dos campeonatos profissionais e ‘ninguém’ considerar que os títulos de Sporting e Estoril se ficaram a dever às arbitragens. No contexto atual, isso é uma vitória dos árbitros. No entanto, nem tudo está bem no reino da Dinamarca (o texto original de Shakespeare é mais duro e dizia que “existe algo podre no reino da Dinamarca”). Por reino da Dinamarca refiro-me, naturalmente, à arbitragem portuguesa que, felizmente, não tem nada de podre! Uma das coisas que não estão bem? Existir a perceção generalizada, comprovável por factos e números dos últimos jogos dos primeiros classificados, de que os árbitros estão demasiado dependentes do vídeo-árbitro para conseguirem fazer arbitragens sem erros graves. Pierluigi Collina disse, há uns tempos, que o VAR “é um paraquedas que pode ajudar a corrigir um erro” e que os árbitros devem ser capazes “de decidir como se a tecnologia não existisse”. Para haver confiança nos árbitros, na sua competência e decisões, estes têm de acertar mais vezes lá dentro. A credibilidade da arbitragem advém das boas decisões finais das equipas de arbitragem, mas a credibilidade de cada um dos árbitros advém das boas decisões individuais. O paraquedas tem de ser exceção e não a regra!