BOAVISTÃO FORMADO HÁ 20 ANOS
João Loureiro diz que ele e o clube ainda pagam a fatura, mas não trocava esse campeonato por nada
À altura presidente do Boavista, João Loureiro nota a Record que o Boavista “ainda hoje paga a fatura” do título conquistado há 20 anos. A 18 de maio de 2001, sexta-feira, os axadrezados comandados por Jaime Pacheco venceram o Aves de Carlos Carvalhal, por 3-0, no Bessa, e colocaram uma vírgula, não mais do que isso, na hegemonia de Benfica, FC Porto e Sporting. Foi um momento histórico que exigiu muito trabalho, mas que também contou com a badalada estrelinha e intervenção divina. “Tive uma forte esperança de que o título do Boavista servisse de exemplo para mudar mentalidades, para se perceber que a conquista do campeonato não deveria estar reservada aos três grandes. O que se seguiu não confirmou nada disso. Em vez de ser acarinhado, o Boavista passou a ser perseguido pelo famoso sistema. A nossa afirmação mexeu com muitos interesses e geraram-se anticorpos. A coragem de ficar à frente de todos tornou-se um fator de inveja, mesquinhez e tentativa de nos anularem, a mim e ao clube, por diversas vias”, considera João Loureiro, acrescentando que, apesar disso tudo, “não trocava por nada” a sensação de ver o Boavista sagrar-se campeão. Fora da esfera dos três grandes, só o Belenenses havia logrado terminar a prova no 1º posto, 55 anos antes do campeonato ganho pelo Boavista. Da glória axadrezada para cá o título foi sempre parar a um dos crónicos candidatos, o que dá ainda mais ênfase ao feito das panteras. “No final do jogo do título recordei o meu passado no Boavista. Fiquei feliz por ver o entusiasmo dos adeptos e fui envolvido pela euforia quando cheguei ao balneário”, relata o então presidente. A equipa de Jaime Pacheco sofreu apenas três derrotas, com oito empates e 23 triunfos. Os golos marcados foram 63, segundo melhor registo daquela edição. Os sofridos ficaram-se pelos 22 e ninguém fez melhor. O central Litos foi o jogador mais utilizado por Jaime Pacheco, o avançado Silva consagrou-se como melhor marcador do plantel na prova. Destacar um protagonista torna-se difícil. Palavra de João Loureiro. “Criou-se uma união muito grande entre dirigentes, treinadores, plantel e adeptos”, atira o antigo presidente, que nos últimos três anos está ligado ao clube apenas pela militância associativa.
A fechar a primeira volta de 2000/01, o Boavista venceu o FC Porto (1-0) no Bessa e passou para a dianteira da prova, lugar que não mais largou até final. Contudo, o lado mais crente de João Loureiro ainda aponta um outro fator determinante para a maior glória da história centenária do Boavista: “Nessa época fomos a Itália jogar com a Roma de Cafu e Batistuta, treinada por Fabio Capello. Uma comitiva do Boavista foi recebida pelo Papa João Paulo II, que fez uma menção ao clube, em português, na missa. E, depois, partimos para uma série de vitórias consecutivas que nos permitiu ser campeões. Todos os ventos sopraram a nosso favor, até os divinos.”
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“CRIOU-SE UMA UNIÃO MUITO GRANDE ENTRE DIRIGENTES, TREINADORES, PLANTEL E ADEPTOS”, DIZ O ENTÃO LÍDER