Prova com mais jogo útil mas com dados contraditórios
çEm março, através de um amplo estudo divulgado pela Liga, ficámos a saber que o tempo útil de jogo no principal campeonato nacional estava a aumentar. Mais ou menos a meio da atual edição cifrava-se em 55,10% do tempo global, o que, não sendo excelente (e ficando atrás de muitas outras ligas europeias), confirmava a tendência de subida das últimas épocas (52,77% em 2017/18, depois 53,67% em 2018/19 e 54,47% em 2019/20). Isto, visto de forma isolada, foi uma excelente notícia, pois todos desejam jogos com cada vez menos tempos mortos.
Em teoria, mais tempo útil de jogo
deveria acabar por se traduzir em mais remates, cantos e golos, da mesma forma que as faltas teriam que diminuir, pois as infrações são, por si mesmo, um fator de interrupção do tempo útil. Porém, os dados não são totalmente compatíveis com esta análise. As faltas (9.350), é verdade, são menos que nas épocas mais recentes, contabilizando desde a temporada 2014/15, altura em que a competição voltou a ser disputada por 18 equipas em 34 rondas. Mas, surpreendentemente, mais jogo não teve uma correspondência direta noutros dados esperados. Os remates, por exemplo, estão consideravelmente abaixo do pior registo das seis épocas anteriores (6.201 atuais contra os 6.443 de 2016/17). Existe uma diferença de 242 que, dificilmente, será anulada na última jornada. É certo que o máximo da época foram 245 (3.ª ronda), mas depois 216 (17.ª) foi o melhor que tivemos.
Nos cantos, o total vai em 2.858,
sendo que a fasquia mais próxima ficou nos 3.136 (2018/19). Faltam
NÚMERO DE REMATES E CANTOS (ASSIM COMO AS FALTAS) VAI SER MAIS BAIXO, MAS TOTAL DE GOLOS TAMBÉM PODE DESCER
278, sendo que o recorde da época está em 110 (jornada 28).
Os golos são, para já, 707.
Com 22 na derradeira jornada será suficiente para bater os 728 de 2016/17. Mas, com menos tempo útil, na época passa houve 763 golos, enquanto que nas duas temporadas anteriores chegámos a 826 e em 2015/16 o pecúlio foi 831!
Quer isto dizer que as equipas, tendo mais posse de bola,
perdem muito tempo só a controlá-la, não conseguindo ser mais agressivas? Ou as defesas, mesmo sem recorrer tanto às infrações, estão a ser capazes de fechar melhor os caminhos para a sua baliza?