TUDO POTE LEVOU
MARCA HAT TRICK E JUNTA BOTA DE OURO A TÍTULO DE CAMPEÃO
HÁ 25 ANOS QUE MELHOR MARCADOR NÃO ERA PORTUGUÊS
RÚBEN AMORIM “Ganhámos dois títulos em três possíveis”
A noite era de celebração e tudo o que podia proporcionar não tinha a dimensão do que já fora conseguido: havia dois campeões para consagrar (André Paulo e Diogo Tomás) e uma Bota de Ouro para conquistar, tarefa dificultada pelos dois golos de Seferovic que colocavam Pote na iminência de fazer um hat trick para entrar numa galeria onde nunca sonhou estar: a dos maiores goleadores da história do futebol português. Foi tudo muito fácil e convincente, porque ao acerto do novo campeão respondeu o adversário com uma entrada inexplicável, na qual juntou quase tudo o que uma equipa não deve fazer: passividade, desconcentração, más avaliações e todos os erros possíveis (técnicos, de posicionamento, de marcação). O Sporting limitou-se a estar desperto para aproveitar as circunstâncias favoráveis. O primeiro tempo ainda não estava a meio e já vencia por 3-0, estando Pote a um golo da glória. Pouco passava da hora de jogo e a missão estava cumprida. Na festa do golo, o leão construiu o seu Pote de ouro e celebrou a incrível obra no final.
Muito em pouco tempo
Juntaram-se todos os fatores determinantes para desequilibrar os pratos da balança, antes mesmo de chegar o momento em que era suposto haver explicações para quaisquer tendências. A fase era de estudo, o jogo estava a definir-se mas, do nada, Antunes rematou à barra (2’), Pote inaugurou o marcador (7’) e o Sporting viu criadas as condições perfeitas não só para construir a vitória, mas também exercer uma superioridade que chegou a ser escandalosa. Para que nada faltasse ao cumprimento dos objetivos leoninos nesse período inicial, Pote anulou o conforto que Seferovic construiu em Guimarães e criou uma situação amplamente favorável: tinha pela frente 70 minutos para marcar o golo que lhe concederia o primeiro lugar na lista dos melhores marcadores da Liga. O Marítimo começou por ser espectador da festa e prosseguiu como protagonista de uma lista interminável de erros, o maior dos quais um golo na própria baliza atribuído a Karo (o mal que fez foi atrasar a bola ao seu guarda-redes), mas que releva um erro grosseiro de Charles, que deixou a bola passar por debaixo do pé até entrar na baliza. A história do jogo resumiu-se ao empenho leonino e às falhas madeirenses, num duelo que, à passagem dos 20 minutos, tinha vencedor e vencido. Depois foi o tempo dos acertos: o
Sporting travou a dinâmica e aligeirou a intensidade do seu futebol, o Marítimo juntou os cacos, começou por fim a jogar e tentou assim evitar males maiores do que aqueles de que se podia queixar – o encontro estava perdido, mas a derrota podia ser o mal menor se comparado com a goleada que chegou a desenhar-se.
Decisão rápida
Os primeiros instantes a seguir ao descanso não foram generosos com o espetáculo, porque resolveram quase automaticamente o pouco que ficara pendente: aos 59 minutos, João Pereira abandonou o relvado num cenário emocional; aos 62 minutos, Pote assinou o golo que lhe faltava para vencer o mais apetecido dos prémios individuais; e, aos 66 minutos, André Paulo e Tomás Silva entraram em campo. Em boa verdade, o Sporting nunca tirou o pé do acelerador, nunca deu por terminada a tarefa e só assim se explica ter conseguido fazer o quinto golo (belo chapéu de Plata, na sequência de um mau alívio do infeliz Charles). O Marítimo reequilibrou-se, passou a discutir o jogo e, mesmo revelando fragilidades, a maior das quais a desvantagem que tinha no marcador (0-5), procurou que os números da derrota ficassem por ali. No fim ainda teve um brinde: atenuou a goleada com um belo golo de Beltrame.
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