Record (Portugal)

DESPEDIDA AGRIDOCE

A goleada a fechar soltou uns sorrisos no Dragão, mas não escondeu o semblante carregado de Sérgio Conceição. Continuida­de é uma incógnita

- CRÓNICA DE RUI SOUSA

Ao contrário da maioria dos jogos que se disputaram esta época no Estádio do Dragão, ontem as atenções estiveram quase todas centradas fora do campo, mais concretame­nte no banco do FC Porto, onde Sérgio Conceição poderá ter feito o seu último encontro no comando da equipa. Se o tabu relativame­nte ao seu futuro foi ganhando corpo nas últimas semanas – mas poderia eventualme­nte ser desfeito após o apito final, caso o técnico tivesse falado aos jornalista­s –, o silêncio só veio alimentar a dúvida. O semblante carregado de Conceição, as conversas privadas com alguns jogadores e a presença da sua família num camarote reforçaram a questão em torno do seu futuro. Tudo o resto era secundário no jogo de ontem, até porque tanto o

FC Porto como o Belenenses SAD tinham as suas situações perfeitame­nte resolvidas na classifica­ção. Os portistas com o objetivo mínimo do apuramento para a Liga dos Campeões conseguido, através de um segundo lugar que só satisfaz em termos financeiro­s, e os azuis tranquilos no meio da tabela. Ainda assim, os dragões foram soltando alguns sorrisos, designadam­ente nos tentos que selaram mais uma goleada. Nos dois últimos jogos em casa, a equipa de Sérgio Conceição fez um parcial de 9-1, frente ao Farense e Belenenses SAD, e deu palco a jogadores que poderão tornar-se casos sérios na próxima época, como Toni Martínez, João Mário e até

Marko Grujic, se a SAD vier a renovar o empréstimo do sérvio.

Futuro assegurado

Para além disso, jovens como o mesmo João Mário, Fábio Vieira, Diogo Leite e Francisco Conceição deram mais uma demonstraç­ão de que não há motivos para se desconfiar dos produtos do Olival. Fábio e Francisco, juntamente com o brasileiro Evanilson, formaram o tridente ofensivo que acabou o encontro, numa aliança com média de idades de 19 anos e muita qualidade nas pernas. De resto, nos 11 que fecharam este campeonato em campo encontrava­m-se seis jogadores formados no Olival...

Num final de tarde em que pouco mais havia para o FC Porto, em termos desportivo­s, do que cumprir a obrigação de vencer e dar a Sérgio Conceição o registo histórico de quatro campeonato­s consecutiv­os com 80 ou mais pontos na classifica­ção, o golo de Taremi, na sequência de um erro infantil de Silvestre Varela, abriu caminho a uma vitória tranquila e que

assentou numa tremenda eficácia ofensiva, quando comparada com os azuis de Petit. O Belenenses SAD apresentou-se no Dragão descontraí­do e a jogar olhos nos olhos com os portistas, procurando sempre a baliza de Marchesín.

Na primeira parte, depois do segundo golo do FC Porto, os azuis criaram perigo em três situações, com Silvestre Varela a acertar na barra e Miguel Cardoso e Tomás Ribeiro a deixarem a defesa dos dragões em sentido. Pelo meio, apenas

Sérgio Oliveira obrigou Kritciuk a voar em grande estilo. O Belenenses SAD voltou para a segunda parte com a mesma intenção de marcar, mas o que acabou por fazer foi descurar a sua retaguarda e consentir pela primeira vez neste campeonato quatro golos num jogo. Fechou o encontro com mais remates do que o FC Porto, mas depois do intervalo não foi tão perigoso para Marchesín. Mesmo assim, a equipa de Petit justificav­a ter marcado pelo menos um golo no Dragão, nem que fosse pela atitude positiva que demonstrou. Se há jogos que mereciam ter público, este era um deles. Desde logo pela possibilid­ade de Sérgio Conceição, o homem que colocou o FC Porto novamente na rota dos títulos, ter feito a sua despedida do comando técnico dos dragões, e Afonso Sousa, formado no Olival e neto e filho de dois antigos jogadores portistas, ser aplaudido num palco onde sonhou jogar.

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