PLANO PARA GANHAR 30 MILHÕES
Ex-líder tentava alienar 25% das ações da SAD. John Textor, dos EUA, seria o comprador
Luís Filipe Vieira tentou vender 25 por cento do capital da SAD, ao empresário norte-americano John Textor, permitindo um ganho estimado de 30 milhões de euros, como forma de compensar José António dos Santos, indica o despacho do Ministério Público.
O empresário agroalimentar teria aplicados 44,7 milhões de euros em negócios da esfera pessoal do ex-presidente das águias – são amigos de longa data e dois dos quatro detidos no âmbito da operação ‘Cartão Vermelho’ – e a venda permitiria “adiantar esse retorno do investimento ou alimentar a esperança no mesmo”, segundo os documentos a que Record teve acesso.
O ‘rei dos frangos’ terá ouvido a promessa de “vir a ficar com as mais-valias geradas pela venda das ações a um preço acima do de mercado” (50 M€). José António dos Santos tornou-se, em março de 2017, o maior acionista individual da SAD, “posição que tem vindo a ser reforçada ao longo do tempo e que ascende atualmente a mais de 16 por cento”. Já o líder dos encarnados detém uma participação de capital de 3,28%. Ora, o Ministério Público refere que se “verificaram manobras destes parceiros para a sua venda conjunta com ganhos avultados à vista”, na ordem dos 30 M€. O Ministério Público lembra que os negócios na área imobiliária entre os dois suspeitos “são, na realidade, conduzidos por Luís Filipe Vieira, suscitando a suspeita de ser ele o beneficiário final dos mesmos”. Pela disponibilização dos 44,7 milhões de euros e por outros eventuais gastos, José António dos Santos poderia ser compensado também através de “operações financeiras cruzadas, incluindo a utilização de contas bancárias no
estrangeiro, designadamente na Suíça e no Dubai”.
A investigação lembra que em 2017, parte das dívidas da Promovalor, empresa do universo de Vieira, foram transferidas para o fundo FIAE Capital Criativo. Mas terá sido José António dos Santos a financiar parte das Unidades de Subscrição e contado com o auxílio do advogado André Mateus para a “montagem das operações financeiras.”