Rui Costa na encruzilhada
Rui Costa chegou à presidência do Benfica por linhas tortas. O antigo dono da camisola 10 senta-se na cadeira há muito prometida e ansiada num momento particularmente difícil para o clube, com o presidente eleito a enfrentar graves acusações da Justiça e a equipa de futebol sob uma enorme pressão de resultados. No meio deste turbilhão há uma oposição ativa, como nunca nos tempos do vieirismo, a exigir eleições; ao mesmo tempo, há uma temporada para preparar, com jogos decisivos para o clube ao virar da esquina.
Rui Costa teria sido mais consensual
se tivesse anunciado para breve uma demissão em bloco da direção, de forma a permitir eleições que levassem à escolha de um novo presidente nas urnas. Isso seria o mais ético, mas podia ser um problema para o seu exercício como líder do clube e da SAD: como seriam as negociações de mercado se quem contrata está, assumidamente, demissionário? E o empréstimo obrigacionista?
Rui Costa não disse que se iria demitir
e convocar eleições, mas também não disse o contrário ou que queria cumprir o mandato até ao fim. Por isso, não acredito que outra coisa passe pela cabeça dos dirigentes atuais que não a demissão em bloco depois do fecho do mercado, numa altura em que os efeitos para a gestão do clube serão menores. Qualquer outra saída deixará ainda mais fragilizado o Benfica.