O que mais dói aos benfiquistas
É IMPERDOÁVEL PARA OS ADEPTOS QUE O PRESIDENTE TENHA USADO O BENFICA PARA MANTER A SUA ESTABILIDADE ECONÓMICA
Enquanto impunha ao Benfica cortes de ambição desportiva em prol da exemplaridade financeira, Vieira empurrava com a barriga as dívidas do seu universo empresarial. Na comissão parlamentar de inquérito, e perante o juiz Carlos Alexandre, Vieira terá usado o mesmo argumento: foi para o Benfica porque os bancos quiseram. Sendo mais concreto, Vieira terá ido para o Benfica a mando de Ricardo Salgado.
Nos toma lá, dá cá, entre estas duas figuras,
Vieira cresceu desmesuradamente enquanto empresário. Quando, na metáfora feliz de Warren Buffett, a maré financeira bai- xou, verificou-se que Vieira era um dos que não tinham calções. A única diferença entre este nudista fanfarrão e outros apanhados na praia do BES chama-se Benfica.
A forma como Vieira usou o Benfica como escudo protector
ao longo de anos, os benfiquistas talvez lhe perdoassem. Imperdoável para os adeptos é verificarem que o presidente mais longevo da gloriosa história do clube, afinal, não só usava o Benfica como escudo contra investidas dos seus credores e mesmo da Justiça, mas servia-se do Benfica para manter a sua estabilidade económica.
Se for verdade que Vieira terá beneficiado
directamen- te de verbas pagas pelo Benfica em comissões sobre jogadores, nem o estatuto de sócio do clube Vieira deveria manter. Sobre estes factos graves, ain- da não consolidados como prova, deixemos a investigação judicial fazer o seu caminho.
Do que este vosso escriba não tem dúvidas
é que, na última década, o Benfica foi gerido como se de uma empresa comum se tratasse. Com graves danos para o sucesso desportivo, principalmente na dimensão europeia. Tudo para que Vieira não juntasse à pressão sobre a sua vida empresarial, a natural tensão no trato com os credores, que o presidente de um grande clube tem de manter, na defesa do equilíbrio entre sucesso desportivo e o serviço da dívida.
Na gestão de Vieira,
a pressão financeira da banca prevaleceu sempre sobre os sonhos de grandeza europeia ou mesmo de hegemonia nacional. Só agora sabemos o porquê dessa estranha opção.
A Itália foi uma justa vencedora do Europeu.
Apresentou um futebol moderno, com massivo envolvimento atacante, bom toque de bola, entre a ambição do golo e momentos de hipnose sobre o adversário. Nos penáltis, venceu a Inglaterra com muito mérito. Mancini não inventou. Já Southgate viu dois jogadores lançados no último minuto do prolongamento falharem os seus penáltis. Os futebolistas não são máquinas, precisam de confiança. O seleccionador inglês humilhou de forma vil e perdeu.
NA ÚLTIMA DÉCADA, O BENFICA FOI GERIDO COMO SE FOSSE UMA EMPRESA COMUM