Ouvir não custa
É dificil imaginar o que fez John Textor apaixonar-se pelo Benfica como diz estar. Nestas coisas de grandes fortunas, o normal é que alguém esteja disposto a dar um presunto para levar em troca um porco inteiro. Mas o milionário norte-americano tem, pelo menos, uma coisa a seu favor: tem jeito para comunicados. No extenso texto que publicou ontem, apresentou uma série de factos, revelou um conhecimento detalhado da situação do clube e fez promessas que o vinculam a um eventual compromisso.
Para a atual direção do Benfica,
qualquer ligação a Vieira é, nesta altura, tóxica. Daí que se compreenda a posição política de rejeitar qualquer entrada de John Textor na SAD, sobretudo depois de se saber que o anterior presidente sabia de tudo e que o manteve escondido dos restantes dirigentes. O norte-americano, por bem intencionado que esteja, bateu à porta do clube na pior altura possível. Porque a verdade é que não faria mal nenhum ao Benfica ouvir o que Textor tem para oferecer – assim como assim, a participação da SAD que quer comprar já não pertence ao Benfica. O que é que o clube ganhou, ou pode vir a ganhar, com quase 25 por cento das ações nas mãos de José António dos Santos? Nada. Que é o mesmo que pode perder com a mesma percentagem nas mãos de Textor (cuja entrada poderia ser acautelada com cláusulas de proteção ao clube). O que o Benfica nunca saberá é o que poderia vir a ganhar.