As 21 lições do ano 2021
O título original não versa exatamente desta forma. No entanto, ao passar os olhos pelo livro que permanece na mesa-de-cabeceira há umas semanas não me ocorreu melhor forma de iniciar aquilo que serão as próximas linhas sobre os Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Yuval Noha Harari escreve naquela obra sobre as “21 Lições para o Século XXI”. Não se tratando daquilo que desafia a humanidade, o adiamento dos Jogos Olímpicos colocou-nos numa espiral de novos contextos, paradigmas e exigências que nos conduzem à Cerimónia de Abertura da edição de Tóquio. A 23 de julho, muitos deles estarão já ultrapassados, mas fica para trás um tumulto de exigências e adaptações que foram surgindo numa catadupa mais veloz do que o esventrar de um peixe pelo melhor mestre do sushi. Desde a “luta” pela vacinação da Missão, aos pormenores (e “pormaiores”) do seu agendamento, à interminável lista de documentos orientadores, às suas versões 1, 2 e 3, às apps, ao agendamento de testes e mais testes, à formulação de planos de atividades de e para cada um, às listas negras, vermelhas e verdes em que Portugal se encontra ou não inserido no contexto europeu, foram e serão muitas mais de duas dezenas de “lições” que percorremos e aprendemos durante o último ano. Até ao dia 11 de agosto, quando todos aqueles que levarão o nome de Portugal nas costas tiverem regressado às suas casas, com o sentido de dever cumprido, terão para recordar bem mais do que “21” histórias para contar. Mas acima de tudo e, dificuldades, ansiedades e desafios à parte, este adiamento permitiu a todos aqueles que se alimentam do Olimpismo uma oportunidade. Uma oportunidade para mostrar no palco olímpico o melhor de cada um. A oportunidade de dizer que valeu a pena o sacrifício, a dedicação a tenacidade e resiliência com que encararam o último ano. E o desporto e o mundo agradecem. Agradecem por tudo aquilo que esta aguerrida competição internacional representa. O autor israelita, sem prever o que 2021 nos reservava, escreveu em 2018 que os Jogos Olímpicos representam uma espantosa concórdia global e acrescenta que por muito orgulho que as pessoas sintam quando as suas delegações ganham uma medalha e a sua bandeira é içada, há muito mais motivos para sentirem orgulho no facto de a Humanidade ser capaz de organizar um evento desta natureza. É disto que são feitos os Jogos Olímpicos. Se em Tóquio a manifestação, o afeto e a solidariedade não se vão expressar da forma que nos é mais natural, estes sentimentos, valores e emoções vão estar presentes, simplesmente porque se trata de uns Jogos Olímpicos. E para Portugal ficará mais um capítulo da nossa história desportiva. Não sabemos que resultados vamos alcançar, nem se os mesmos vão cumprir com os objetivos a que nos propusemos. Mas, à data deste texto, sabemos que nos podemos orgulhar de estar representados em 17 modalidades, por 92 atletas e que por trás de cada modalidade e de cada atleta existe uma história que vale a pena cada português conhecer. Até Tóquio! Sabemos que nos podemos orgulhar de estar representados em 17 modalidades, por 92 atletas e que por trás de cada modalidade e de cada atleta existe uma história que vale a pena cada português conhecer