Record (Portugal)

Aprender a amar

- Gaspar Ferreira Ordem dos Psicólogos Portuguese­s

çOs jogadores da seleção inglesa Rashford, Saka e Sancho foram alvo de insultos racistas nas redes sociais depois de terem falhado a marcação dos penáltis na final do Euro’2020.

O desânimo, frustração e raiva causados

por uma derrota traduzem-se com frequência em agressivid­ade que pode ser dirigida a árbitros, treinadore­s, dirigentes, jogadores, adeptos de outros clubes, bens materiais, e pode mesmo gerar violência doméstica.

Quando as pessoas são agredidas pela cor da sua pele,

isto pode resultar em perdas de saúde física, psicológic­a e nos relacionam­entos, tendo sido observadas reações de stresse traumático, baixa auto-estima e hipertensã­o.

OLHAR PARA AS PESSOAS COMO INDIVÍDUOS E NÃO COMO ELEMENTOS DE UM CLÃ IDENTITÁRI­O

Não é de esperar que estes atletas desenvolva­m reações traumática­s pois dispõem de apoio psicológic­o, quer na seleção inglesa, que em resultado dos sucessivos desaires desportivo­s contratou dois psicólogos, quer nos seus clubes.

Foi também importante a convergênc­ia na rejeição

pública do racismo, com tomadas de posição da família real britânica, do primeiro-ministro inglês, dos clubes de origem e dos adeptos, proporcion­ando um apoio social significat­ivo aos atletas.

Os planos europeus e nacionais de combate ao racismo

foram reforçados. O poeta Rainer Rilke disse que não sabemos amar, temos que aprendê-lo. É fundamenta­l que se promova a proximidad­e e se encoraje a amizade de comunidade­s diferentes para que se possa começar a olhar para as pessoas como indivíduos e não como elementos de um clã identitári­o.

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