Todos os portugueses vão dar a Roma
“A Roma é o maior desafio para José Mourinho desde o FC Porto?”. Fizeram-me esta pergunta há uns dias num podcast dedicado ao clube italiano e confesso que fiquei uns segundos a pensar. Puxei atrás rapidamente na minha cabeça a carreira do treinador português para poder dar a resposta mais completa possível e a conclusão a que cheguei é que a Roma tem aspetos em comum com outros clubes do passado de Mourinho, mas, ao mesmo tempo, é um projeto único.
Parece ser a primeira vez que o treinador português é contratado para vencer amanhã e não já hoje.
Existem semelhanças com o Tottenham, o clube anterior, no sentido em que o jejum dura desde o mesmo ano (2008), mas com a diferença de a Roma estar em processo de renovação. A mudança de proprietários, consumada em agosto do ano passado, provocou uma reestruturação em todos os setores. Tiago Pinto foi o primeiro a chegar para ocupar o lugar de diretor-geral; seguiram-se José Mourinho e respetiva equipa técnica (João Sacramento, treinador adjunto, e Nuno Santos, treinador de guarda-redes); uma contratação menos
PROMETERAM A JOSÉ MOURINHO A ESTABILIDADE QUE , POR EXEMPLO, PAULO FONSECA NÃO TEVE PARA CONSTRUIR UM PROJETO A LONGO PRAZO. OU SEJA, PARA VENCER AMANHÃ E NÃO JÁ HOJE
mediática, mas igualmente importante, aconteceu no departamento de scouting: José Fontes, olheiro com obra feita no Leicester City nos últimos cinco anos.
Esta semana chegou Rui Patrício, o primeiro reforço da era Mourinho na Roma. Vários portugueses num dos clubes históricos do futebol italiano, mais um sinal da competência e qualidade que o nosso país tem no futebol e que o estrangeiro tão bem sabe reconhecer e aproveitar – como já tinha acontecido com Paulo Fonseca.
O contrato de três anos está pensado para a experiência e capacidade de Mourinho criarem as bases para estabilizar a Roma.
“Vou falar sempre de títulos. Podia prometer isso, seria fácil, mas não é essa realidade. Falam de títulos, mas nós falamos de projeto, de tempo, de melhorar. Para os donos da Roma, a ideia não é termos sucesso isolado. Querem chegar ao sucesso e ficar lá”, explicou o treinador português na apresentação oficial. Tempo foi um bem que escasseou a Mourinho para conseguir os tais títulos. A dimensão dos clubes que treinou, históricos do futebol mundial como o Inter, Real Madrid e Manchester United ou o novo rico Chelsea – um emblema consagrado na segunda passagem do português por Londres – exigiram sempre que os troféus fossem uma obrigação desde o início. A Roma, um pouco como o Tottenham, possui um perfil diferente, mas continua a ser um desafio aliciante para Mourinho. Por exemplo, vencer uma Taça de Itália seria algo normal na carreira do português e um feito fantástico para os romanos neste contexto.
PORTUGAL PRESENTE EM TODOS OS SECTORES DO HISTÓRICO ITALIANO É SINAL DE COMPETÊNCIA