Idade não tira fome de golos
Após uma época complicada devido a lesões, os artilheiros encontraram no Torreense um clube que acredita tanto neles como os próprios..., que dizem ter ainda muito para dar
çO Torreense vai ter um dos ataques mais entusiasmantes do país. Edinho e Mateus são caras bem conhecidas do futebol português e encontraram neste emblema histórico a casa perfeita para, no fundo, relançarem a carreira depois de uma temporada complicada para ambos devido a problemas com lesões. O Show Man, de 39 anos, e a Pantera, de 37, acreditam que ainda têm muito para dar e a fome de golos não desaparece. Daúto Faquirá e o clube de Torres Vedras assim o esperam.
“Este era o desafio que procurava. Com a minha lesão, tive muito tempo para pensar quais seriam os projetos que fizessem com que a minha chama continuasse acesa. E quando fui contactado pelo Torreense fiquei extremamente motivado. O futebolista tem de se colocar sempre em causa, para não entrarmos na zona de conforto. Este acaba por ser o maior desafio da minha carreira”, atirou Edinho, com Mateus a admitir que a Liga 3 nunca foi a sua primeira opção, mas... :“Sinceramente, ao princípio não era o desafio que estava à procura. Tinha a perspetiva de continuar mais acima. Fiquei à espera de propostas, mas acabei por ouvir muitas coisas de que não estava à espera. Vi neste projeto o sítio certo dar a volta e mostrar que ainda estou no pleno das minhas capacidades. Eu se calhar queria outra coisa, mas apareceu-me esta, como se costuma dizer. Deus escreve direito por linhas tortas. O meu desafio é demonstrar a mim e a toda a gente que ainda estou aí para as curvas. Vim para fazer a diferença, ajudar a equipa.” É verdade que, pelo que estes dois jogadores nos contaram, houve muitas equipas que os olharam de lado por causa da idade, mas os próprios garantem que, à medida que envelhecem, a fome de golos aumenta. “Eu espero que o Mateus chegue aos 20 golos e acho que está ao alcance dele”, atirou Edinho, o mais experiente dos dois, com Mateus a entregar o prémio de melhor marcador ao amigo: “Se eu for aos 20, ele vai aos 25 de certeza!” Se os goleadores conseguirem mesmo chegar a estes números que profetizam um ao outro, seria uma ótima notícia para o Torreense, porque seria meio caminho andado para a subida à Liga 2.
Teste de fogo a abrir
A promoção ao segundo escalão é o grande objetivo e a primeira jornada será logo um teste de fogo. O Torreense recebe a U.
Leiria e Mateus criou logo o cenário perfeito. “Ganhar com golos nossos”, atirou, com Edinho a ser mais cerebral. “É um adversário direto. Vai lutar para subir, mas é bom apanhá-los logo de início para ser um bom teste àquilo que temos vindo a trabalhar. Ganhando o primeiro jogo não seremos os melhores e, se o perdermos, não vamos ser os piores. Queremos é marcar a nossa posição desde início”, prometeu, com o companheiro a lembrar o episódio especial frente aos leirienses: “Lembro-me de um jogo em 2009, quando eu estava no Nacional. O nosso treinador era o Manuel Machado, mas ele teve de fazer uma cirurgia, ficou mesmo às portas da morte e foi o adjunto que esteve nessa partida. Não me lembro do resultado, mas aquela vitória foi para ele!” É verdade que ainda têm de atingir este primeiro objetivo subir à Liga 2, mas, sem os apressar a pendurarem as chuteiras, per
“O MEU DESAFIO É DEMONSTRAR A MIM E A TODA A GENTE QUE AINDA ESTOU AÍ PARA AS CURVAS”, GARANTE MATEUS
guntámos se recolocar o Torreense na 1.ª Liga seria a forma perfeita de terminar a carreira. “Não estás? Olha que parece”, brincou Mateus. “Sem sombra de dúvidas que seria o culminar de uma carreira linda da qual já sou grato da
“NÃO VIEMOS PARA AQUI FAZER NÚMERO, POIS SABEMOS QUE AINDA PODEMOS FAZER A DIFERENÇA”, DISPARA EDINHO
bênção de ter conseguido chegar até aqui e fazer o que eu gosto com o máximo de saúde. Ter essa felicidade de conseguir chegar com o Torreense à 1ª Liga seria a cereja no topo do bolo”, salientou o Show Man, com o angolano, que de Torres Vedras só conhecia o Carnaval “e pela televisão”, a partilhar a mesma opinião: “Também sou muito feliz e estou grato, não me arrependo de nada da minha carreira, não faria nada de diferente. Estou de consciência tranquila, dei sempre o máximo em todos os clubes por onde passei e venho para aqui para dar o máximo. Se conseguir o objetivo que projetamos, que é subir de divisão e depois, meter o Torreense na 1ª Liga, seria, como o Edinho disse, a cereja no topo do bolo.”
Liderança
Vão ser novos na equipa, mas, por tudo o que representam no futebol nacional, vão ter o papel de liderar o balneário. Edinho foi o primeiro dos dois a chegar e garante que sente isso desde o primeiro dia. “É óbvio que têm respeito pela nossa carreira, pela nossa experiência e sobretudo porque sabem que podemos ajudar. Nós não viemos para aqui para fazer número, aceitámos este desafio porque é um projeto aliciante e porque sabemos que podemos fazer a diferença. O clube aponta a divisões superiores e nós também”, rematou.