“JOGOS SÃO A CEREJA NO TOPO DO BOLO”
Ficou paraplégico aos 16 anos, conseguiu vencer a depressão de forma peculiar e encontrou na canoagem um grande amor, que o vai levar até Tóquio. Aos 39 anos, ainda se sente no início de uma carreira
O Alex e o Norberto Mourão vão estrear a canoagem adaptada portuguesa nos Jogos Paralímpicos. O que significa isto para si?
ALEX SANTOS – Significa que é um marco histórico. Daqui a 100 anos as pessoas vão recordar os primeiros participantes. É a cereja no topo do bolo. Se já fosse a segunda vez já não era tão marcante.
Esse dia em que se qualificou para os Jogos é o mais feliz da sua carreira?
AS – Da carreira, sim. Sem qualquer tipo de dúvida.
Mas deve querer substituí-lo rapidamente em Tóquio. Qual é o objetivo? As medalhas?
AS – Todas pensam nas medalhas e eu não sou diferente, mas é algo que, vamos lá ver, chegar lá é muito difícil e eu já lá estou. Depois para chegar às finais ainda mais difícil é e, por fim, uma medalha é ainda mais complicado. São vários patamares e, por isso, eu não consigo dizer que estou a apontar às medalhas ou não. É óbvio que quero, seria a realização de um sonho ter uma medalha olímpica, mas não consigo dizer se estou a apontar ao primeiro, ao segundo ou ao terceiro lugar. Quero ir passo a passo, fazer as coisas com cabeça, ir passando os níveis até lá chegar.
E depois de chegar aos Jogos Paralímpicos, é possível apontar ainda mais acima?
AS – O facto de ir lá fora dá uma margem de progressão muito grande, ainda para mais quando é para participar numa prova tão importante como os Jogos Paralímpicos. Ficas mais maduro e evoluis muito mais, por isso o objetivo depois de Tóquio vai ser estar em Paris. É dessa forma que encaro a vida e, por isso, o próximo objetivo vai ser este. Mas, primeiro, quero estar concentrado em Tóquio.
“TODOS PENSAM EM MEDALHAS E EU NÃO SOU DIFERENTE, MAS OBVIAMENTE É COMPLICADO. QUERO IR PASSO A PASSO”