Record (Portugal)

“Disseram-me que era louco”

-

Quando começou a pensar no desporto?

ALEX SANTOS– O desporto foi algo que sempre tive na minha vida. Quando regressei a Portugal, tentei o basquetebo­l, mas eu queria algo em que pudesse chegar aos Jogos Paralímpic­os, algo mais a sério, e o basket era um desporto em que as pessoas levavam aquilo como lazer. Desisti, fazia muita natação, musculação… e a canoagem apareceu de uma forma caricata na minha vida. Eu estava na Indonésia de férias e vi um rapaz paraplégic­o a surfar numa prancha especial. Aí o meu amigo disse que eu podia voltar a surfar. Falámos com esse rapaz e quando voltei a Portugal e comprei uma prancha igual. Só que, quando fui experiment­ar, aquilo era muito difícil, por isso pensei que tinha de aprender a remar. Pensei, ‘vou levar isto a sério, vou inscrever-me numa escola de canoagem, vou aprender a remar e depois sigo para o surf’. Comecei a ver pessoas no Facebook e encontrei o Norberto Mourão. Falei com ele e indicou-me um clube, o Costa do Sul. Comecei lá e o treinador, que era muito simpático, disse-me que era bom e perguntou-me se eu não queria competir, mas eu recusei porque estava lá só mesmo para aprender. Mas, passadas umas semanas, via-se que eu tinha mesmo jeito para aquilo e lá comecei a entrar em algumas competiçõe­s. Porém, antes disso, coloquei uma coisa na cabeça: ‘vou chegar ao Mundial!’ Ainda antes de fazer um Regional, disse que, um dia, ia chegar a um Mundial e até dei uma entrevista, mas as pessoas não me levaram muito a sério. Disseram-me que era louco. Então no meu primeiro nacional fiquei em último e um colega de trabalho perguntou-me se eu ia desistir. A minha resposta foi: ‘Quando são os Jogos Paralímpic­os? São em 2020, não é? Então eu agora quero é ir aos Jogos Paralímpic­os!’ Meti a fasquia

“ANTES DE COMEÇAR A ENTRAR EM COMPETIÇÕE­S, DISSE QUE O MEU OBJETIVO ERA CHEGAR AO CAMPEONATO DO MUNDO”

bem alta. Voltei aos treinos, comecei a ganhar, evoluí e consegui mesmo chegar onde queria.

Quando colocou a fasquia tão alta, era algo em que acreditava mesmo ou era ‘só’ um sonho?

AS – É a minha metodologi­a de vida. Eu quero isto, por isso vou fazer de tudo para conseguir. A nível pessoal e profission­al. Quando eu quis comprar um carro e uma casa eu disse a mim mesmo que queria aquilo e comecei a trabalhar para o conseguir. Podia não dar certo, podia não resultar, mas eu tinha a certeza que ia dar tudo de mim para conseguir.

*

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal