Alta voltagem
A PRESENÇA DE GÖTZE REVELA-SE DECISIVA ENTRE LINHAS, BEM COMO NAS TROCAS COM ZAHAVI
Seis jogos oficiais, seis triunfos, em que se incluem triunfos robustos ante Ajax, Midtjylland e Galatasaray, bem refletidos em 17 golos marcados e apenas 2 sofridos. Vice-campeão holandês, o PSV, comandado pelo alemão Roger Schmidt (habitualmente apresenta-se numa estrutura em 4x2x3x1), assume-se como uma locomotiva de futebol ofensivo, suportada por uma voracidade tremenda na pressão e uma irrefreável vertigem no assalto à baliza rival, extraindo o máximo partido do envolvimento de um elevado número de jogadores – por norma, 7, com 3 deles a dirigirem-se para a zona central da área – na agressão ao último terço. Aspetos que têm sido cruciais para encapotar as lacunas que expõe no processo defensi- vo, e que o Benfica terá que ser capaz de perscrutar com cérebro e contundência, percebendo que este duplo confronto, que vale o milionário ingresso na Champions, será de longe a tare- fa mais exigente das águias nes- te arranque de exercício.
Confortável em ataque po- sicional, o PSV sabe variar com celeridade e fluidez os seus processos de construção e de criação entre os três cor- redores, provocan- do, em inúmeras ocasiões, associações curtas a altís- sima velocidade, que fomentam a mobilidade abra- sadora das suas unidades mais ofensivas, para chegar com qua- lidade a zonas de finalização. A presença de Götze nas entrelinhas revela-se decisiva, assim como as suas permanentes trocas posicionais com Zahavi, falsa referência ofensiva sagaz a criar espaços com e sem bola. Junta-se a agressividade e a qualidade individual dos extremos – Madueke, Gakpo ou Bruma – a promoverem diagonais com bola para o espaço interior.
Os vastos argumentos ofensivos do PSV não se cessam no ataque posicional, já que se reve- lam ainda mais ferozes na inda- gação de ataques rápidos e de contra-ataques. A forma belico- sa como a equipa reage à perda e pressiona de forma alta permite várias recuperações no meio-campo ofensivo. Mas mesmo a partir de zonas (mais) baixas é admirável a capacidade para verticalizar o seu futebol e chegar com poucos toques a zonas de remate. A chave passa por buscar as desmarcações de rutura dos extremos em direção a zonas de finalização, recorrendo também ao suporte de Götze e Zahavi.
As grandes lacunas dos holandeses estão no processo defensi- vo. São vulneráveis na transição, sobretudo se o opositor sou- ber ultrapassar a primeira fase de pressão, o que lhes permite desvendar crateras nas costas dos laterais, entre laterais e defesas-centrais, ou nas costas destes. Em organização defensi- va também é fácil encontrar espaços entre as linhas. Além disso, manifestam arduidades na defesa de cruzamentos, tanto pela exposição a que votam o lateral do lado da bola, como na forma como se posicionam na área, permitindo o ataque a primeiras e a segundas bolas. Um aspeto também visível na defesa de bolas paradas laterais – cantos, livres e lançamentos –, onde é visível uma defesa mista, mas com uma zona nem sempre bem definida e algo passiva.