Que seja feliz em Manchester
ALEX FERGUSON FORJOU UMA ESTRELA, ACRESCENTOU FOCO AO TALENTO INATO, MENTALIZOU-O PARA SER UMA MÁQUINA E FOI ESSA SEMENTE QUE LEVA RONALDO A SUPERAR-SE TODOS OS DIAS
çFoi uma exibição de uma pobreza confrangedora salva pelo melhor marcador de sempre ao serviço de selecções como nos habituou. E assim continuamos na frente do nosso grupo e com obrigação de presença no Mundial do Qatar.
Mas, para lá de mais um recorde (Cristiano Ronaldo já nem sabe o que falta bater) o outro facto desta semana foi o fecho do mercado de transferências. O Sporting fez um magnífico negócio com Nuno Mendes e o empréstimo de Sarabia, o FC Porto não teve capacidade para vender o que precisava (Corona, que em breve poderá sair a custo zero, e Sérgio Oliveira) e ao Benfica foi dado um Lázaro, mas não o central que Jesus necessitava.
A sobrepor-se a tudo isto, o movimento dos dois melhores jogadores do mundo dos últimos anos, Messi a caminho de Paris (finalmente a poder mostrar-se fora da zona de conforto) e o retorno de Cristiano Ronaldo à casa onde se fez homem, porque o berço foi Alvalade.
Em vários meios saiu a notícia de que a Rainha Isabel II teria pedido camisolas do Manchester United e uma
com assinatura personalizada para si do madeirense. Sor- ri com a notícia porque me cheira a esturro, mas se tal fosse verdade seria uma das monarcas mais respeitadas do Universo a saudar a força de um rei do relvado.
Alex Ferguson forjou uma estrela, acrescentou foco ao talento inato, mentalizou-o
RÚBEN SEMEDO ATRAI O AZAR. FALTOU-LHE UM ALEX FERGUSON QUANDO SAIU DO SPORTING
para ser uma máquina e foi essa semente que o leva a querer todos os dias superar os seus registos. O regresso a Manchester não tem números estratosféricos na sua contratação, porém, se olharem ao que foi o movimento nas redes sociais, o suplemento de alma para colegas de balneário e “supporters”, o potencial de receita que virá com a venda de camisolas e “merchandising” associado, o filão do mercado asiático que adora o português, sabemos que o retorno financeiro está assegurado. Bem como o cachimbo da paz pode ser definitivamente fumado entre os Glazer e os adeptos que bateram fervorosamente o pé à Superliga que os donos do clube desejavam.
Cristiano Ronaldo
recordou o que viveu em terras britânicas: “estou na casa do meu primeiro campeonato, primeira Taça, primeira convocatória para a Selecção, da minha primeira Liga dos Campeões, primeira Bota de Ouro , primeira Bola de Outo”. Foi ali que nasceu a lenda. Foi ali que cresceu o maior embaixador de Portugal em qualquer canto mais esquecido do mundo. Escrevia Alexandre Herculano que “o segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros”. Enquanto em Turim o toleravam sem paixão, em Manchester adoram-no. Que os faça felizes e seja feliz. P.S: Rúben Semedo tem um problema: atrai o azar. São episódios a mais numa carreira que podia ser de topo. Faltou-lhe um Alex Ferguson quando saiu do Sporting.