Os craques do jornalismo
A magnificência do CR7 é inatingível. Voar assim, durante longos segundos, efetuando cabeceamentos estéticos e decisórios, é arte dos deuses. Virar um jogo internacional, em 4 minutos, lá em cima, além da estratosfera, é indescritível, quase humanamente impossível. Cristiano chegou a um ponto onde fica difícil encontrar palavras para descrever a sua arte. Agora, o desafio de quem é profissional da escrita é exatamente esse: encontrar mais palavras, mais designações, mais predicados, do que todos aqueles que foram usados nos últimos 20 anos. Escrever com critério e qualidade é difícil. Encontrar noticias no meio de um discurso estandardizado e exíguo que emana dos clubes é impossível. Fazer isto por 365 dias é tão extenuante quanto deprimente, principalmente pela futilidade das mensagens.
Mas o jornalismo resiste e continua. Posto isto, junto de Cristiano surgem outros heróis. Os que têm que escrever sobre ele, sobre os outros, todos os dias. A arte do jornalismo é tão pura quanto complexa, tão elaborada, quanto simples, tão vendável quanto pro bono. O quotidiano de uma redação é duro, incerto. O jornalismo português deu, tem dado e vai continuar a dar um contributo inigualável para desenvolver o futebol.
Comparado com a exagerada imprensa espanhola, italiana ou grega, ou com a ora básica, ora insípida imprensa desportiva norte e centro europeia, o jornalismo português, principalmente escrito, tem sido uma arte com a qual aprendemos. Sob condições e pressões inimagináveis. E Ronaldo, Rui Costa, Figo, Baía e todos os demais foram inspiração, mas também levam para os seus netinhos textos brilhantes que, sobre eles, outros craques escreveram.