Os donos da bola
NOS PRÓXIMOS ANOS, VÁRIOS DOS MAIORES FUNDOS DE INVESTIMENTO INTERNACIONAIS VÃO ASSUMIR POSIÇÕES SIGNIFICATIVAS EM CLUBES E COMPETIÇÕES DESPORTIVAS UM POUCO POR TODO O MUNDO
Nas últimas décadas, o fenómeno da globalização modificou radicalmente a dinâmica da economia global. O desporto não passou ao lado destas enormes transformações: milionários a comprar clubes, competições transmitidas em todo o Mundo, circuitos nos cinco continentes, patrocínios globais, transferências milionárias e um aumento explosivo das receitas da in- dústria do desporto.
O desporto nas últimas duas décadas transformou-se numa indústria de milhões, extraordinariamente rentável. Este fenómeno despertou muita atenção nos especialistas em maximizar dinheiro: os fundos de investimento que passaram a investir de forma intensiva nesta indústria.
Apesar de passarem relativamente despercebidos ao público em geral, estes fundos de investimento assumiram-se nos últimos anos comos os verdadeiros donos da bola. Centremos atenções num desses vários exemplos, a CVC Capital Partners, que recentemente fechou o seu maior negócio no desporto até hoje, ao pagar 2,7 mil milhões de euros por uma participação minoritária na La Liga, a principal liga de futebol da Espanha. O negócio, que avalia a La Liga em cerca de 24,2 mil milhões de euros, fará com que a CVC obtenha uma participação de 10% numa empresa recém-formada que controla as atividades comerciais da liga espanhola.
Estes investidores estão a aumentar sua participação em equipas e competições para aproveitar a crescente procura de conteúdo relacionado com o desporto. As organizações desportivas, duramente atingidas pelo impacto da pandemia, tiveram quebras brutais de receitas, pelo que estão cada vez mais recetivas a fontes alternativas de capital.
Voltando à CVC, importa referir que é um dos investidores de private equity mais ativos no setor desportivo. Só nos últimos anos a CVC pagou 200 milhões de libras por 27% de uma competição inglesa de râguebi, 120 milhões de libras por uma participação de 28% na empresa que gere uma das principais competições internacionais de râguebi, 300 milhões de libras por uma empresa formada pela CVC e pela Federação Internacional de Voleibol para gerir as principais competições internacionais a que agora se soma a participação na La Liga.
É esta tendência que vamos
ver acentuar-se nos próximos anos, com vários dos maiores fundos de investimento internacionais a assumir posições significativas em clubes e competições um pouco por todo o Mundo. No caso de Portugal, acredito que não ficará fora desta equação. Mais tarde ou mais cedo, os fundos virão.
PORTUGAL NÃO FICARÁ FORA DESTA EQUAÇÃO. MAIS TARDE OU MAIS CEDO, OS FUNDOS VIRÃO