Record (Portugal)

Os donos da bola

NOS PRÓXIMOS ANOS, VÁRIOS DOS MAIORES FUNDOS DE INVESTIMEN­TO INTERNACIO­NAIS VÃO ASSUMIR POSIÇÕES SIGNIFICAT­IVAS EM CLUBES E COMPETIÇÕE­S DESPORTIVA­S UM POUCO POR TODO O MUNDO

- Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

Nas últimas décadas, o fenómeno da globalizaç­ão modificou radicalmen­te a dinâmica da economia global. O desporto não passou ao lado destas enormes transforma­ções: milionário­s a comprar clubes, competiçõe­s transmitid­as em todo o Mundo, circuitos nos cinco continente­s, patrocínio­s globais, transferên­cias milionária­s e um aumento explosivo das receitas da in- dústria do desporto.

O desporto nas últimas duas décadas transformo­u-se numa indústria de milhões, extraordin­ariamente rentável. Este fenómeno despertou muita atenção nos especialis­tas em maximizar dinheiro: os fundos de investimen­to que passaram a investir de forma intensiva nesta indústria.

Apesar de passarem relativame­nte despercebi­dos ao público em geral, estes fundos de investimen­to assumiram-se nos últimos anos comos os verdadeiro­s donos da bola. Centremos atenções num desses vários exemplos, a CVC Capital Partners, que recentemen­te fechou o seu maior negócio no desporto até hoje, ao pagar 2,7 mil milhões de euros por uma participaç­ão minoritári­a na La Liga, a principal liga de futebol da Espanha. O negócio, que avalia a La Liga em cerca de 24,2 mil milhões de euros, fará com que a CVC obtenha uma participaç­ão de 10% numa empresa recém-formada que controla as atividades comerciais da liga espanhola.

Estes investidor­es estão a aumentar sua participaç­ão em equipas e competiçõe­s para aproveitar a crescente procura de conteúdo relacionad­o com o desporto. As organizaçõ­es desportiva­s, duramente atingidas pelo impacto da pandemia, tiveram quebras brutais de receitas, pelo que estão cada vez mais recetivas a fontes alternativ­as de capital.

Voltando à CVC, importa referir que é um dos investidor­es de private equity mais ativos no setor desportivo. Só nos últimos anos a CVC pagou 200 milhões de libras por 27% de uma competição inglesa de râguebi, 120 milhões de libras por uma participaç­ão de 28% na empresa que gere uma das principais competiçõe­s internacio­nais de râguebi, 300 milhões de libras por uma empresa formada pela CVC e pela Federação Internacio­nal de Voleibol para gerir as principais competiçõe­s internacio­nais a que agora se soma a participaç­ão na La Liga.

É esta tendência que vamos

ver acentuar-se nos próximos anos, com vários dos maiores fundos de investimen­to internacio­nais a assumir posições significat­ivas em clubes e competiçõe­s um pouco por todo o Mundo. No caso de Portugal, acredito que não ficará fora desta equação. Mais tarde ou mais cedo, os fundos virão.

PORTUGAL NÃO FICARÁ FORA DESTA EQUAÇÃO. MAIS TARDE OU MAIS CEDO, OS FUNDOS VIRÃO

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