Choque de realidades
“A NÍVEL DEFENSIVO, O DÍNAMO COSTUMA SER UMA FORMAÇÃO INCISIVA A PRESSIONAR ALTO”
Líder isolado do campeonato ucraniano, reflexo de seis triunfos e um empate, o Dínamo Kiev conhecerá uma nova realidade competitiva na receção ao Benfica, até porque ainda não se cruzou com o rival Shakhtar em 21/22.
Acostumados a um papel dominador ante adversários que se remetem a uma postura expectante e ultradefensiva , que acabam por suplantar com um jogar paciente, o apuramento direto para a Champions fez com que o arranque de exercício incluísse particulares com um grau de dificuldade mais alto. Aí, as coisas não correram bem aos bilo-syni, que foram batidos por Inter (0x3), Athletic (0x1) e Nice (1x2), e empataram ante Fenerbahçe, Union Berlin, Servette e Lucer- na, exibindo fraquezas pouco notadas internamente.
Fiel a uma organização estrutu- ral em 4x2x3x1, a formação de Kiev raramente abdica de cons- truir desde trás, ainda que reve- le uma tendência para não se expor na primeira fase de construção, o que faz com que não projete imediatamente os laterais. Ante opo- nentes com o perfil do Ben- fica, talhados para arrogar uma pressão alta, podem sentir situações de des- conforto, até pela juve- nilidade da dupla de centrais, capazes de conduzir a passes equivocados e a perdas de bola. Mais afoi- tos a partir do momento em que a bola entra no meio-campo ofensivo, quer pela forma como os laterais oferecem largura e atacam a profundidade, quer pela tendência dos alas para buscarem o espaço interior, percebe-se a propensão para atrair o competidor para o corredor central para depois produzir desequilíbrios nos cor- redores laterais. Aí, as combinações entre laterais e alas permitem a chegada através de cruza- mentos a zonas de finalização, sempre bem preenchidas: além do avançado e do extremo do lado contrário – Tsygankov é pe- rito em definições ao segundo poste – costumam aparecer o médio-ofensivo – Buyalskyi, que está em dúvida devido a lesão, até pela espontaneidade que patenteia no remate, e Garmash, opção para falso-nove. O Benfica também deverá estar atento aos passes de rutura direcionados ao espaço entre lateral e central, à indagação de contragolpes, protagonizados por Tsygankov e De Pena, mas com o reforço Vitinho, extremo veloz e desequilibrador que ainda não se estreou, a surgir como poten- cial protagonista nesse tipo de ação, e nas bolas paradas laterais, já que Zabarnyi, Syrota e Shkurin são vigorosos no jogo aéreo, e Kedziora protagoniza boas ações de antecipação ao primeiro poste.
A nível defensivo, o Dínamo cos- tuma ser, na competição interna, uma formação incisiva a pressionar alto, mas sentirá arduida- des para o fazer de forma consis- tente ante um rival com mais argumentos nas saídas. Nessa situação, poderá ser desfraldado o momento mais débil da equipa, que está na transição defensiva. Em organização, percebem-se dificuldades ante antagonistas que estabeleçam associações com fluidez, tanto por dentro como por fora, e lacunas no controlo dos espaços, tanto entre as diferentes linhas, até porque o duo de médios afunda com facilidade, como também entre laterais e centrais, convidativos à perscrutação de diagonais. *