Contundência por afinar
Chamam-lhe “Cholismo”. Uma expressão que define uma atitude competitiva feérica, até porque a volúpia está bem mais no suor do que no talento que existe em doses esdrúxulas no plantel. Isto porque se sustenta na consistência de um processo defensivo coriáceo e na ferocidade e na incisividade, desenlaçadas de conceitos de nota artística, com que procura aniquilar os adversários, apostando num jogar pleno de verticalidade e pungente na chegada a zonas de finalização. Campeão espanhol pela segunda vez no século XXI em 2020/21, o Atlético, que pretende filar um bicampeonato consecutivo que lhe escapa desde 1951, não subtrai a ambição de ser protagonista na Champions, compe- tição que nunca venceu apesar de ter chegado a três finais, duas delas na era Simeone. Ainda a gatinharem em 2021/22, reflexo de apenas 360 minu- tos de competição oficial, os colcho- neros, reforçados com Griez- mann, De Paul e Matheus Cu- nha, somam três triunfos pela margem mínima e um empate , mas têm produzido exibições inconsisten- tes. Algo que faz com que Simeone tenha dúvidas sobre a organização es- trutural a utilizar, já que depois de ter procurado asseverar o 3x5x2 e o 3x4x2x1, de forma a conciliar Griezmann, Correa e Suárez, poderá recorrer ao 4x3x3, decisivo para a reviravol- ta ante o Espanyol no passado domingo, na receção ao FC Porto. O que conduzirá à saída de Hermoso, promovendo a titula- ridade de Lemar (ou de De Paul) como médio-interior, o que per- mitirá fixar Kondogbia como médio-defensivo, e à aposta em Renan Lodi, devido ao seu perfil mais equilibrado, como lateral-esquerdo, em detrimento do ala ofensivo Carrasco.
DEFESA DAS BOLAS PARADAS LATERAIS É UM ASPETO QUE O FC PORTO PODERÁ VIR A EXPLORAR
A reação à perda e ao ganho – procurando imediatamente contratransições – continua a ser incisiva,
assim como a agressividade colocada na pressão, tanto em zonas mais altas, como em zonas mais baixas. Junta-se a ferocidade no aproveitamento de bolas paradas la- terais em momento ofensivo, além da enorme argúcia a perscrutar contra-ataques e ataques rápidos, sempre como um vigor tremendo a abalroar as costas da defesa rival. O que não impede que se revele também capaz de ferir o opositor em ata- que posicional. Com o assalto incessante à profundidade como mote, muitas vezes a partir de passes médios-longos, ou indagando os corredores laterais para depois assaltar a área rival com 3 ou 4 unidades prontas para atacar a primeira e a segunda bola. Por afinar está a defesa de bolas paradas laterais, em que é clara a predominância por referências individuais, o que o FC Porto poderá explorar fomentando ações de antecipação entre o centro e o 1.º poste.