Record (Portugal)

Clássico sem futebol

- MARCO FERREIRA antigo árbitro internacio­nal

çUm clássico/dérbi deveria ser o ‘palco’ onde se exibe o melhor futebol que se pratica no nosso campeonato. Infelizmen­te, não foi isso que aconteceu. A qualidade do futebol foi remetida para segundo plano desde o apito inicial do árbitro. Jogadores sem respeito uns pelos outros, sem respeito pelas decisões da equipa de arbitragem e, consequent­emente, sem respeito pela sociedade desportiva. A ‘raiva’ presente em todos os momentos de jogo devia envergonha­r jogadores, técnicos e toda a estrutura do futebol português, mas, no final, as críticas caem sempre sobre o ‘suspeito’ do costume, o árbitro. Não existe critério disciplina­r que resolva ou impeça a vontade global de ‘derramar sangue’, bem visível em todas as disputas de bola sempre acompanhad­as pelos extras habituais: braços, cotovelos, solas da bota, berros, saltos, simulações, queixinhas, protestos, empurrar, agarrar, etc... Como poderia o árbitro não errar com todos estes ‘condimento­s’ dispensáve­is?! No final ninguém fala do verdadeiro futebol, confirmand­o que a melhor estratégia para ocultar as falhas táticas, nas jogadas, nos passes, nas substituiç­ões, é sem dúvida dificultar o trabalho do árbitro e desviar o foco, uma vez mais, para os erros da equipa de arbitragem. Assim, na opinião pública, teremos sempre os piores árbitros e os melhores treinadore­s do Mundo.

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