Record (Portugal)

Olé Porto

- Nuno Encarnação Gestor

Quatro dias depois de ter ido a Alvalade, o Porto deslocava-se ontem ao dificílimo terreno do campeão espanhol, o Atlético de Madrid.

Conceição percebeu que só pode jogar olhos nos olhos com dois avançados contra equipas com três centrais. Em Alvalade, havia entrado mal, colocando apenas Taremi como um solitário no meio de três centrais. Em Madrid fez o que devia, juntando Martínez a Taremi.

Trocou Marcano com Zaidu, mas este parece desligado do Mundo e de um palco de Champions. A Champions obriga a ter jogadores com mentalidad­e diferente. Espe- rar até ao intervalo para a tro- ca por Wendell foi arriscar em demasia.

Não gosto de ver Marcano a lateral. Perde o Porto em toda a linha e queima Marca- no nesta posição. O que mais surpreende­u foi a troca de João Mário e o recuo de Coro- na. Não aprecio Corona recuado. Ter um Ferrari para ir às compras na cidade é um desperdíci­o sem par.

A teia deste Atlético é sempre muito difícil. Simeone joga pela paciência, pelo erro do adversário, sem assumir em campo nenhuma atitude espampanan­te de futebol. Este futebol pendular madri- leno, de procura de posse e es- preitando sempre o erro do adversário é sempre refém da genialidad­e de algum dos seus jogadores.

Às três mudanças que o Atlético fez no início da segunda parte, Conceição respondeu dez minutos mais tarde na perfeição com a entrada de Vitinha e de Sérgio Oliveira.

A mão de Deus validou em tempos um golo a Maradona, a mão de Alá não foi suficien- te para validar o golo da vitória a Taremi. Taremi foi filho de um Deus menor.

O Porto empata com muito mérito em Madrid e mostra ao Mundo do futebol que está nesta competição para a disputar e não para que os adeptos possam ver no seu estádio as grandes equipas adversária­s.

A Champions é isto, este grupo do Porto, tal como Conceição afirmará e que muitos não tardaram em ridiculari­zar, é um grupo extremamen­te equilibrad­o e sem qualquer previsão possível. A cinco jogos do fim, esta montanha-russa vai quebrar muito a estatístic­a de tantas apostas.

A CHAMPIONS NÃO É PARA TODOS E, PARA MIM, O PORTO SAIU EM OMBROS DE MADRID

Este Porto de Conceição orgulha-nos a todos. Os seus jogadores sabem jogar uma Champions e percebem o quão difícil é esta competição.

À mesma hora, o Sporting, infelizmen­te, espalhava-se ao comprido em Alvalade. Desta vez não havia a desculpa da Gazprom ou de um sorteio difícil como tantas vezes ouvi.

Talvez agora percebam o que Conceição e a sua equipa têm feito na Liga dos Campeões ao longo dos últimos anos e lhes reconheçam o devido mérito. A Champions de facto não é para todos, e para mim, o Porto saiu em ombros de Madrid.

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