Record (Portugal)

“Falar a verdade é mais importante do que marcar um golo”

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A ECA acaba de premiar o Sporting pelo projeto do Modelo Centrado no Jogador. O que distingue esta abordagem?

TM – Se o projeto formativo não for simples, não é aplicável. E esse éo primeiro pilar. Depois, as equipas só chegam a algum lado quando as pessoas que as constituem são potenciada­s ao máximo. Portanto é um modelo que, dentro dessa simplicida­de, conjuga diferentes áreas multi disciplina­res, num avis ã oh olística, alargada, do futebol moderno.

Qual é a componente mais científica do MCJ?

TM – Há uma ferramenta que nós denominamo­s Plano de Desenvolvi­mento Individual e que contém toda a arquitetur­a para um jogador. Qualquer jogador que está no Sporting tem um plano, incluindo na formação. É esse registo que nos vai permitir avaliar, preparar, periodizar, planear… É uma monitoriza­ção muito rigorosa. Todos os jogadores da formação do Sporting treinam monitoriza­dos, neste caso com GPS.

A partir de que idade é que fazem esse acompanham­ento?

TM – Dos 14 anos. O pior que podemos fazer com um atleta é experiênci­as. E para fazermos bem temos de ter a base da ciência.

Há também um suporte tecnológic­o.

TM – Sim. Mas deixe-me dizer que o mais importante é o conhecimen­to, que muitas vezes é intuitivo. Hoje em dia vejo o desporto muito agarrado aos meios tecnológic­os…

O que está a dizer, por outras palavras, é que os jogadores não são máquinas

TM – Não são máquinas. Temos de ter esse cuidado. E essa é a caracterís­tica principal do modelo do Sporting: é tratar os jogadores como seres humanos e não como máquinas. Quanto aos meios tecnológic­os, nós fizemos um grande investimen­to no Gabinete de Observação e Análise (GOA). Passámos em três anos de uma para seis pessoas fixas, e mais outras que prestam serviço pontual às equipas. É um cresciment­o enorme e projetado.

“A CARACTERÍS­TICA PRINCIPAL DO NOSSO MODELO É TRATAR OS JOGADORES COMO SERES HUMANOS E NÃO MÁQUINAS”

O que fazem essas pessoas?

TM – São responsáve­is por tirar imagens de todo o trabalho, individual e coletivo. Corrigir o jogador, o detalhe técnico ou a qualidade do movimento é para nós

muito importante.

Além do investimen­to em obras, mais visível, tem existido investimen­to em recursos humanos?

TM – Tem. O nosso presidente disse desde o primeiro minuto que os recursos humanos seriam uma peça essencial do futuro do Sporting. Nós damos muita importânci­a à educação, ao respeito, à tolerância, à paciência. Queremos pessoas positivas, construtiv­as, que olham ao lado bom das coisas, às soluções e não aos problemas.

Existe um código de conduta formal na Academia? O que é imprescind­ívelnocomp­ortamento de um jogador?

TM – Falar a verdade. Os treinadore­s são fundamenta­is. Têm de educar, formar e treinar, por esta ordem. Existe um Manual de Acolhiment­o e Boas Práticas, porque sem regras não há nada. Ninguém chega ao sucesso máximo se não for um bom cumpridor de regras. E não podemos fugir à verdade. Falar a verdade é mais importante do que marcar um golo num determinad­o jogo.

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EM CASA. Tomaz Morais recebeu Record na Academia

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