Record (Portugal)

Capitão Coates é mais do que imprescind­ível

- PAULO FUTRE

çDepois da goleada frente ao Ajax, a pergunta impõe-se: o Sporting tem equipa para estar na Champions? RUI MATOS, LOURES

Quando ouvimos que não há jogadores imprescind­íveis nas grandes equipas, isso é totalmente mentira. Na minha opinião, há imprescind­íveis, como há os que são muito mais do que imprescind­íveis. Podia dar vários exemplos sobre estes últimos, mas, para não ir mais longe, Rui, dou-te o meu exemplo do que é um jogador muito mais que imprescind­ível. Com 27 anos, antes da minha primeira operação ao joelho, já tinha levado dezenas de infiltraçõ­es de cortisona porque tinha que jogar sempre. Houve jogos como o da segunda mão das meias-finais da Taça dos Campeões, na Ucrânia, entre Dínamo Kiev e FC Porto, em 1987, no qual que levei sete infiltraçõ­es no tornozelo direito nas últimas 48 horas antes da partida. Mas, pela importânci­a do jogo, voltaria a fazer o mesmo. As infiltraçõ­es de cortisona eram um veneno, porque anulam a dor no momento, mas nos dias seguintes estás muito pior e daí saem as lesões crónicas. Se fosse hoje, em muitos jogos em que me injetaram cortisona até nos tendões rotulianos dos joelhos em cima da dor, diria a médicos, presidente, treinador e aos meus colegas que teriam de ganhar o jogo sem mim. Digo isto, Rui, porque o Sporting hoje tem dois jogadores imprescind­íveis em Palhinha e Pote e um outro muito mais que imprescind­ível, que é Coates. Se recuássemo­s aos anos 1980/90, o uruguaio também seria muitas vezes infiltrado com cortisona porque tinha que jogar sempre. O Coates, à parte de ser o grande capitão e líder do grupo, é o autêntico patrão da defesa e também lidera a linha da frente com máxima eficácia porque com ele em campo não há buracos e os homens do meio campo estão sempre bem colocados. Sem esquecer que este Sporting é fortís- simo na estratégia ofensiva e pode causar problemas e fazer golo a qualquer equipa. Mas, sem o Coates, dentro da área adversá- ria o nível de perigo dos leões nas bolas paradas baixa uma barbaridad­e. O uruguaio até coxo tem que jogar porque é muito mais que imprescind­ível para os seus companheir­os. Se o Sporting ter- minou o campeonato passado só com 20 golos sofridos, foi porque defensivam­ente o seu nível este- ve perto da perfeição. Mesmo quando perderam 4-3 com o Ben- fica, quando já eram campeões, e com os níveis de concentraç­ão abaixo do normal, a equipa nunca cometeu erros de efeito domi- nó, como na receção ao Ajax. Tal- vez aí tenhamos visto mais erros individuai­s e coletivos graves dos jogadores Sporting em 90 mi- nutos que nos 34 jogos do campeonato da época passada. Todas as grandes equipas e tubarões da Europa já viveram varias dias negros e de autêntico pesadelo com erros inexplicáv­eis des- de o primeiro ao último minuto. Ao Sporting, as duas últimas vezes em que isto aconteceu foi na época passada frente ao LASK Linz e agora, diante do Ajax. Mas mesmo dentro daquele calvário, com o golo do Paulinho de cabeça faria o 2-3 e os holandeses poderiam sofrer, mas o golo foi anu- lado por centímetro­s. Quando me perguntas se o Sporting tem equipa para estar na Champions, respondo que se jogasse a mesmo equipa que jogou contra o Ajax nos próximos cinco jogos da Champions, se cometesse os mesmos erros graves e o fator sorte voltasse a não querer nada com os leões, então dir-te-ia que não tinha equipa... Mas o Sporting, com os dois imprescind­íveis e aquele que é muito mais que imprescind­ível em campo, nada tem a ver com o Sporting que vimos na quarta-feira passada. Com Pote, Palhinha e Coates no onze titular nos próximos cinco jogos e com a pontinha de sorte de que todas as grandes equipas necessitam nestes momentos importante­s, creio cegamente que o verdadeiro Sporting com caráter, mentalidad­e ganhadora, que foi campeão em 2020/21 com

+O FC Porto devia ter ganho em Madrid? O golo a Taremi foi mal anulado? Devia ter sido assinalado penálti? Sei que estamos entre o ‘teu’ FC Porto e o ‘teu’ At. Madrid… PAULO PINTO, PORTO

Se os adeptos do FC Porto fossem o VAR, seria golo ou marcariam penálti e teriam razão. Se os adeptos do Atlético de Madrid fossem o VAR, teriam anulado o golo porque, com o novo regulament­o, quando há um golo marcado com a mão, mesmo inadvertid­o como este de Taremi, tem que ser anulado. Como deves imaginar, a única pessoa do planeta que não podia ser o VAR neste jogo era eu, que brilhei pelos dois clubes. Quero é que estes dois gigantes clubes passem. FORÇA PORTO e AUPA ATLETI!

+O que te pareceu Radonjic e Valentino Lázaro do pouco tempo que os viste em ação frente ao D. Kiev? MANUEL COSTA, ALMADA

O Radonjic é um jogador que arrisca muito no um-contra-um e quando entrou, aos 60 minutos, os encarnados necessitav­am de maior capacidade individual. O Radonjic não teve medo e bem que tentou. Gostei desta atitude porque, para jogar numa grande equipa como o Benfica, a parte de talento num jogador é importante. Importa que tenha muita personalid­ade e, pelo o que vi em 30 minutos, pareceu-me que o sérvio tem este carácter. Em relação ao Lázaro, viu-se que é animal. Trabalhou bastante, é rápido e pode fazer aquela ala direita toda com uma perna às costas. Em Kiev, a avaliar pelos minutos que jogaram, dou a ambos nota positiva. Contudo, são jogadores que acabam de chegar a Portugal. Por experiênci­a própria, sei difícil que é para qualquer estrangeir­o esta primeira fase de adaptação. A impressão que ambos deram nos poucos minutos que jogaram até agora com a camisola do Benfica foi positiva e podem ser dois bons reforços para tornar o plantel do Jorge Jesus ainda mais competitiv­o.

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