Record (Portugal)

“FORAM MUITAS LÁGRIMAS DE IMPOTÊNCIA”

A duas semanas do 35.º aniversári­o e um ano após pendurar as botas, o ex-avançado colombiano passa em revista tudo o que viveu. Das épocas de ouro no FC Porto à lesão que mudou tudo , nada fica por dizer

- TEXTOS PEDRO MORAIS FOTOS PETER SPARK / MOVEPHOTO

Terminou a carreira há um ano. Que balanço faz?

JACKSON MARTÍNEZ – Quando se tem paixão por algo, quer-se sempre continuar a fazê-lo o tempo que seja possível. No meu caso, tive de deixar por causa da minha saúde, mesmo que agora esteja melhor. Nunca se sai totalmente satisfeito, mas dei o melhor de mim em todos os sítios por onde passei.

A lesão de que fala mudou a sua carreira. Se não fosse isso, teria conseguido ir mais longe?

JM – Agora é mais fácil falar. É mais fácil dizer-se que se podia ter feito isto ou aquilo. Mas uma coisa é certa: cada um sabe a capacidade que tem. E quando passas por tantas situações difíceis, não é mais uma que te vai derrubar. Não sei o quão melhor podia ter corrido, mas a minha capacidade permitia-me que corresse melhor. Disso estou seguro.

Esteve dois anos sem jogar. Como foi esse processo? Foi o momento mais difícil?

JM – Foi muito difícil. Foram muitas lágrimas de impotência. Houve um momento em que estive perto do objetivo, quase a voltar à Europa, e depois sofro outra entrada dura que estragou o que já tinha. Mas também foi um momento especial, que me fez refletir e perceber que a vida não é só futebol. O futebol era importante, mas não era a minha vida. Tinha uma família. A minha esposa sofreu muito. Durante esse tempo nunca pensei deixar de jogar, pelo menos até que voltasse a um campo e percebesse que tinha de ser.

O que se segue para si? Pondera seguir ligado ao futebol?

JM – A paixão pelo futebol não acaba. Continua cá. Nasce-se com isso e morre-se com isso. Neste momento estou a estudar e a tratar da parte administra­tiva de algumas empresas que tenho. Mas gosto da formação. Gosto de treinar os jovens, as crianças, e acho que, provavelme­nte, vou começar (senão este ano no próximo) o curso para atingir esse objetivo. Onde? Depende dos convites. Não sei o que vai acontecer. Acho que tenho de usar as capacidade­s e o conhecimen­to que tenho e começar por aí.

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JACKSON MARTÍNEZ

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