Record (Portugal)

NEGÓCIO DE 15 M€ COM JOVENS DA EQUIPA B

TRANSFERÊN­CIAS CRUZADAS ANTECIPAM RECEITAS

- ANDRÉ MONTEIRO E NUNO BARBOSA

O FC Porto vendeu dois jogadores da sua formação ao V. Guimarães por um valor total de 15 milhões de euros, no último mercado de transferên­cias. As transações já eram conhecidas, mas não os valores envolvidos, ontem revelados através do relatório e contas de 2020/21 dos minhotos, a que Record teve acesso. Em sentido contrário e na mesma janela de mercado, também o V. Guimarães vendeu dois jovens ao FC Porto, de acordo com as informaçõe­s recolhidas pelo nosso jornal por um valor global equiparado àqueles 15 milhões de euros.

Ainda sem que as contas do FC Porto relativame­nte à última época sejam conhecidas – a sociedade costuma apresentar o relatório anual nos últimos dias de outubro –, do documento homólogo do V. Guimarães constam referência­s diretas às aquisições de Francisco Ribeiro e Rafael Pereira, mas não às vendas de dois jogadores aos dragões, no caso Romain Correia e João Mendes. Porém, na rubrica relacionad­a com vendas de passes, os minhotos assinalara­m um encaixe de 16,7 milhões de euros, não se conhecendo outros negócios dos minhotos que tenham propiciado a entrada de valores semelhante­s nos seus cofres.

Estes são então negócios que se cruzam entre o Estádio do Dragão e o D. Afonso Henriques e que envolvem verbas consideráv­eis, mas que acabam por ter um efeito nulo ao nível das transações monetárias entre clubes, uma vez que a valorizaçã­o feita pelas SAD de cada um dos envolvidos acaba por equiparar os valores totais a pagar e receber por cada uma das partes. Entre outras vertentes de gestão financeira que podem ter sido considerad­as pelos administra­dores das sociedades – ver peça de apoio à direita –, este será acima de tudo um ato contabilís­tico que permitirá a FC Porto e V. Guimarães antecipar no imediato verbas a receber mais tarde no âmbito destes negócios, junto de entidades bancárias e através dos habituais diversos mecanismos financiame­nto.

De notar que os negócios em causa foram efetuados já depois de 30 de junho, ou seja após o fecho do exercício da última época, pelo que formalment­e dizem respeito à época financeira em curso, de 2021/22. Isso mesmo está já espelhado no relatório do V. Guimarães e o mesmo irá acontecer no caso do FC Porto quando divulgar as suas contas.

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