O canhoto subversivo
O açoriano Iuri Medeiros fez todo o seu trajeto formativo no Sporting, ao mesmo tempo que se salientou nas seleções inferiores, como comprovam as 57 internacionalizações entre os sub-15 e os Olímpicos. A ausência de espaço na equipa principal dos leões motivou uma sequência de cedências – Arouca, Moreirense e Boavista –, com o seu rendimento em crescendo a (re)abrir-lhe as portas de Alvalade em 2017/18. Contudo, ao não ser opção principal para Jorge Jesus, optou por seguir carreira fora de portas, só que as passagens pelo Génova, Legia e Nuremberga ficaram aquém das expetativas. O regresso a Portugal, pela porta do Sp. Braga, foi a decisão certa, e os primeiros meses de 2020/21, com 6 golos e 5 assistências em 28 partidas, tornaram-no protagonista, denotando notável evolução na perceção do jogo no capítulo defensivo e na reação à perda, o que sublinha o mérito de Carlos Carvalhal. Só que uma lesão no joelho afastá-lo-ia do resto do exercício, e o retorno à competição tem sido feito de forma gradual. Ante o Tondela, foi lançado aos 63’, a tempo de metamorfosear o nulo num 3-1. Capaz de atuar a partir do corredor direito com o central em ponto de mira, ou, fruto do seu bom jogo interior, nas costas do(s) avançado(s), sobressai pela criatividade e elevado virtuosismo, o que lhe permite criar, combinando com velocidade, agilidade e mobilidade, inúmeros desequilíbrios, já que apresenta um leque variado de fintas e é incisivo no drible. Com argumentos interessantes no remate com o pé esquerdo, Iuri mostra também, quando privilegia um futebol mais associativo, argumentos na leitura das desmarcações dos colegas e nos passes de rutura.