O Porto dos pequenitos
A pandemia tem sido devastadora para o futebol, mas, dentro da desgraça, a “obrigatoriedade” dos clubes nacionais rentabilizarem a sua formação tem sido uma boa notícia em tão conturbados tempos.
Se esta crise não tivesse aparecido,
muito provavelmente os clubes continuavam no seu ciclo vicioso.
A gulodice por jogadores estrangeiros
(muitos sem qualidade) adensava cada vez mais as suspeitas que quantas mais entradas e saídas de jogadores existissem, maior seria o banquete e a mesa para todos. As equipas B (as tais que pouco dão nas vistas) têm sido o dormitório de negócios assim.
Mas feliz e aparentemente o Porto travou este corrupio
e olhou finalmente para dentro de sua casa.
Jorge Mendes também e cedo percebeu
que o caminho tem este sentido. É hoje o representante de 5 talentos do Porto (Fábio Vieira, João Mário, Vitinha, Diogo Costa e Tomás Esteves). Fábio Vieira foi o último a juntar-se, ontem, à equipa.
Desde que estes jogadores da formação joguem
e mostrem em tão tenra idade qualidades a mais do que os restantes colegas, a venda dos mesmos será uma realidade fácil de concretizar (recordemos André Silva e Rúben Neves). Convém apenas saírem maduros do Dragão para o bem das suas carreiras (veja-se o exemplo de Fábio Silva).
Desde a conquista da Youth League
pelo Porto em 2018/2019, cerca de duas mãos cheias de jogadores oriundos da formação despertaram a atenção de todos. Hoje, no Dragão, residem alguns jogadores desse tempo, sendo que Baró e Diogo Leite continuam com ligação à casa.
Conceição tem aproveitado o melhor
de cada um, colocando-os em campo ao lado de jogadores experientes que ajudam a sua própria formação.
Os adeptos do Porto aplaudem estes “pequenitos”
oriundos da formação, porque veem o seu futebol ser praticado com a “pronúncia do norte”. A SAD sabe que tem aqui uma garantia de correção das suas contas se Mendes um dia apresentar propostas irrecusáveis.
Mas a maior responsabilidade
cairá nos ombros de Conceição. Obrigado a trabalhar com o que tem, obrigado a rentabilizar cada uma destas pérolas, tem de fazer crescer cada um destes jogadores em palcos de tanta responsabilidade, como por exemplo é o caso da Champions.
A responsabilidade do treinador é enorme
e qualquer passo em falso destes “pequenitos” pode determinar o fim das suas oportunidades.
Este Porto dos “pequenitos” agrada-me
muito. O caminho é este e não outro.