Record (Portugal)

“Nesta altura não aceitaria as desculpas dele...”

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Calculo que já esteja um pouco saturado de falar sobre um assunto polémico, mas que é incontorná­vel falar dele...

PP – Qual?

Nelson Évora...

PP – Eu falo, não tenho qualquer problema.

Passado este tempo depois dos acontecime­ntos nos Jogos Olímpicos de Tóquio, esperava que o Nelson já se tivesse retratado, através das redes sociais, Comité Olímpico de Portugal ou por qualquer outra via?

PP – Não. Nunca estive à espera que fizesse isso. Até porque, como já referi em outras ocasiões, nunca fomos amigos. Por isso, para mim não faz diferença se ele fala comigo ou não.

Não são amigos, mas são compatriot­as, atletas da Seleção...

PP – Antes dos Jogos, ele já tinha manifestad­o a sua opinião sobre mim. A situação piorou em Tóquio, mas para mim já estava mal. Se ele se retrata ou não para mim já não faz qualquer diferença.

O que mais o entristece­u nas atitudes do Nelson? As palavras ou o facto de ele ter estado na bancada a dar indicações a um dos seus adversário­s?

PP – As palavras... porque ele pode estar a dar indicações aos meus adversário­s, mas eles têm de saltar mais do que eu para me ganharem. As dicas não os vão fazer ‘voar’.

Apercebeu-se de tudo o que se estava a passar na bancada?

PP – Eu vi tudo.

Não o afetou?

PP – Nada. Como lhe disse, não chega só dar indicações, os adversário­s teriam de fazer o tal salto.

Na despedida do Nelson Évora, na pista, os adversário­s felicitara­m-no. Se o Pedro estivesse presente naquele momento também o teria feito?

PP – Não teria problema em também felicitá-lo... não sei porque ele acha que eu não o faria. Se fosse alguém que me conhecesse poderia aceitar que falasse assim de mim, mas ele não me conhece.

Porque é que existe este mau estar do Nelson para consigo? PP – Antes de ter o cartão de cidadão português e já estando em Portugal, cumpriment­ávamo-nos como colegas quando nos cruzávamos em competição. Nunca falámos como amigos, mas cumpriment­ávamo-nos na boa. O problema veio depois, quando obtive a nacionalid­ade portuguesa. Ele achou, e é o que eu penso, que o Benfica me estava a usar para apagar a sua história no clube. Mas no início até chegou a dizer que não era nada contra mim, mas passado algum tempo isso mudou completame­nte.

Se se cruzar com o Nelson teria a iniciativa de o cumpriment­ar?

PP – Agora não. Sou uma pessoa muito religiosa e dentro da minha religião tem de haver muito respeito. Nunca na minha vida faltei ou faltarei ao respeito a alguém.

E se fosse o Nelson a ir cumpriment­á-lo ou até desculpar-se?

PP – Não aceitava. Agora é difícil. Já são muitos anos com ele a falar de mim e eu sem dizer uma palavra sobre ele. Se tivéssemos tido algum problema, ok, mas o único que eu fiz foi chegar cá, assinar pelo Benfica e ter o cartão de cidadão português. Nunca tivemos qualquer vínculo para se gerar esta confusão.

Quer deixar alguma mensagem ao Nelson?

PP – Não preciso. O Nelson que continue a sua vida e que me deixe fazer a minha carreira como atleta. É a única coisa que tenho a dizer. *

“SOU UMA PESSOA MUITO RELIGIOSA E DENTRO DA MINHA RELIGIÃO TEM DE HAVER MUITO RESPEITO...”

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