A lei do muito mais forte
A lesão de Pepe, no aquecimento – que obrigou ao debute de Fábio Cardoso –, e a de Otávio, aos 14 minutos, foram duríssimas contrariedades para Sérgio Conceição. Contudo, não são a explicação solitária para uma derrota tão contundente ante um Liverpool dilacerante em todas as dimensões e que aproveitou erros defensivos primários do FC Porto, que se revelou muitíssimo menos agressivo nos duelos do que o habitual, além de ter acumulado perdas em zonas proibidas, pela dificuldade em ter bola, reflexo da pressão asfixiante de um adversário que se impôs com naturalidade em todo o campo.
Após uns minutos iniciais que pareciam destinados a um jogo
de pressão contra pressão, os reds assumiram o domínio muito por culpa de Fabinho, lesto a libertar-se da pressão de Toni Martínez e de Taremi. O médio foi sagaz a conectar-se com Henderson e Jones, o que garantiu várias situações de superioridade no corredor central, e a fazer a bola circular entre corredores. O preferencial foi o esquerdo, onde as combinações entre lateral (Robertson), interior (Jones) e ala (Mané) criaram desequilíbrios.
Foi por aí que se desenhou o 1-0, com Robertson, sem pressão de Fábio Vieira, a deixar Corona exposto a uma situação de 1x2 [2] aproveitada por Jones para conduzir e disparar, obrigando a uma defesa incompleta de Diogo Costa aproveitada por Salah. Ante um FC Porto incapaz de ter bola o Liverpool continuou por cima e sempre que acelerava chegava com facilidade a zonas de finalização. Fabinho, após passe de Jones, caucionou mais uma situação de superioridade no corredor central [1] e variou o centro do jogo em direção ao corredor direito, expondo Zaidu a uma situação de 1x2 [1], com Milner, após movimento dissuasor de Salah, a cruzar para a definição de Mané.
Ao intervalo, Conceição procurou fazer correções. Reforçou
a zona intermédia com Grujic, passando de 4x4x2 para 4x2x3x1, fruto de um ligeiro adiantamento de Sérgio Oliveira, para travar a superioridade do rival no corredor central, que se agudizara sem Otávio. Só que a incapacidade para ter bola mantinha-se e os reds continuavam a chegar com qualidade ao último terço sempre que promoviam acelerações. Seria após as entradas de Wendell e Vitinha que o Liverpool assinou o 3-0, com Jones a desarmar Sérgio Oliveira [3] e a disparar para um contragolpe concluído por Salah. Parecia ter chegado o momento em que o Liverpool desligava a ficha e um maior empertigamento dos dragões redundaria no 3-1, por Taremi. A resposta foi incisiva, já que os reds voltaram a conectar-se, o que redundou em dois golos de Firmino. O primeiro após um erro garrafal de Diogo Costa, precipitado no controlo da profundidade.