Luzes e sombras
NA LUZ HÁ LUZ E OS ADEPTOS ESTÃO UNIDOS EM TORNO DA EQUIPA. O PESADELO DE VIEIRA DESVANECEU-SE E ASSIM O BENFICA É O PRINCIPAL CANDIDATO A SER MAIS FELIZ
O colosso parecia o Benfica. O Barcelona já não está no ‘top 3’ de Espanha no ranking dos plantéis mais caros, contudo, para a nossa realidade ainda está a anos-luz. Mas para lá da perda de qualidade - não é só Messi, é talento global que vem minguando há uns anos - tem um treinador de fancaria. O massacre sofrido só prova que apenas a língua explica que Jorge Jesus, até depois dos múltiplos títulos no Brasil e América do Sul, não tenha o reconhecimento mundial do talento que admi- ro desde o início do seu trajecto de sucesso.
Depois da banhada ao Barcelona, aquela mediocre época transacta já faz parte da Idade das Trevas, nenhum benfiquista se recorda disso. Os encarnados estão com dinâmicas firmes e bem oleadas, respiram saúde e prometem vitórias. Ainda gozo para mim ao lembrar-me de uns sabichões que auguravam - está escrito, não neste jornal - não sei se por ordem de alguém ou pura estupidez que João Mário ia passar a maior parte do tempo no banco do Benfica. Aqui disse no início da tempo- rada que o ex-leão seria a trave-mestra, a marca-de-água, deste novo projecto de dois maestros, Rui Costa e Jesus.
O problema para os rivais é que não é só ele, o colectivo
engrenou e há outras peças de alta rotação em grande forma. Na Luz há luz e os adeptos estão unidos em torno da equipa. O pesadelo de Vieira desvaneceu-se e assim o Benfica é, neste momento, o principal candidato a ser mais feliz.
O Sporting está a meia luz.
Em Dortmund bateu-se muito bem, dentro das possibilidades e sem o buraco da lateral esquerda. Com mais um central de topo e uma alternativa a Paulinho, podia ter trazido outro resultado. Rúben Amorim, na sua lucidez de homem sábio, mencionou a verdade. O Sporting tem de se habituar a ser sustentadamente de Champions pois não tem a estaleca desses palcos. Mas as sombras vieram doutro lado.
Um dos grandes poetas britânicos, Alexander Pope, escreveu: “a luz e as trevas estão misturadas no caos do homem”. O esmagamento executado pelo Liverpool no Dragão trouxe de novo divisões sobre Sérgio Conceição. Deste colunista conhecem a consideração e reconhecimento pelo técnico mas não tenho de concordar sempre com ele. Ralhar em público e criticar os homens que comanda não é antídoto para nada, é arriscar-se a perder o balneário. O treinador tem o respaldo do presidente, porém, a agitação permanente é meio caminho andado para o caos, não para o paraíso.
DISSE AQUI, NO INÍCIO DA ÉPOCA, QUE JOÃO MÁRIO SERIA A TRAVE-MESTRA DO NOVO BENFICA
* Texto escrito com a antiga ortografia