Record (Portugal)

O novo normal?

- Nuno Encarnação Gestor

Os jogos contra o Liverpool põem qualquer adepto do Porto em sentido.

Cingindo-me ao “reinado” de Sérgio Conceição,

em 5 jogos contra o Liverpool o Porto conseguiu por uma vez um empate a zero em Anfield, em 2018. Nesses 5 jogos, o Porto totaliza 4 derrotas, 16 golos sofridos e 2 golos marcados. O que aconteceu na terça-feira foi um déjá vu, e aparenteme­nte um novo normal.

A conclusão é que os jogos contra o Liverpool

continuam a ser mal preparados. Sofrer em casa 5 golos, 5 jogos depois, é inaceitáve­l. O Liverpool é uma equipa sempre candidata a ser finalista da Champions, mas estes jogos têm de ser jogados como finais por parte do Porto.

O jogo começou mal,

Pepe cedeu, Mbemba não estava disponível por castigo e Otávio apagou-se cedo por lesão. Mas Conceição cometeu o pecado da gula. Acreditou que poderia ganhar ao Liverpool a jogar olhos nos olhos. Os minutos passaram e o estrabismo foi coletivo. Zaidu saiu de Mirandela, mas Mirandela continua nele. Corona a defesa-direito já não é crença, é teimosia. O seu lugar não é a defender, mas sim a atacar.

Seria muito difícil reforçar o meio-campo, colocar Corona e Díaz nos extremos com Taremi no meio e João Mário a defesa direito?

Jogar em Barcelos com dois avançados era obrigatóri­o,

mas em casa contra o Liverpool é um suicídio coletivo. O treinador fez tudo ao contrário. Quanto ao resto, Conceição fez bem, mas os jogadores estiveram mal. Jogaram sem raça, sem velocidade e sem a agressivid­ade que é do Porto.

Mas Conceição, antes de dizer que o jogo foi vergonhoso,

e foi, e dizer que a equipa de juniores faria um pouquinho mais, devia olhar para o espelho e admitir que o erro começou no seu onze. Se em Madrid esta equipa mereceu tantos elogios, só percebo tal desaire por falta de estudo do adversário. Conceição assumiu a sua responsabi­lidade, mas segundos depois dizia que era impotente na mensagem que passara aos seus jogadores, avisando que iria falar com Pinto da Costa.

Conceição está carregado de equívocos,

de algumas coisas certas, mas com uma abordagem reprovável para resolver tanto problema. Defendo Sérgio Conceição com unhas e dentes até ao limite do razoável. Mas desta vez, a sua inteligênc­ia emocional, eclipsou-se.

O pior dos jogos da Champions é sempre o jogo seguinte.

Deixar neste estado o plantel do Porto não me parece que seja uma atitude sensata. Ir à Champions para o sonho se tornar em pesadelo é uma humilhação para o clube.

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