Record (Portugal)

A crise dos grandes e a crise dos médios

O BENFICA, INSENSÍVEL ÀS DORES ALHEIAS, JOGA AMANHÃ COM O PORTIMONEN­SE E MUITO VAI PRECISAR DE DAR AO PEDAL PORQUE, MESMO SABENDO-SE QUE TAMBÉM O PORTIMONEN­SE NÃO PODE CONTAR COM O MESSI, NÃO DEIXA DE SER UM ADVERSÁRIO DE RESPEITO, MUITO RESPEITO

- Leonor Pinhão VÍTOR PINTO

Muito se tem discutido desde o meio da semana a crise que abala alguns dos grandes emblemas do futebol europeu. Já a crise que abala alguns dos médios emblemas do futebol europeu tem sido relegada para a secção de assuntos que não interessam a ninguém o que é perfeitame­nte natural. Grande é grande e médio é médio e é com esta impiedade que temos de viver. Não chorem, ainda assim, os médios porque se não fossem alguns dos grandes estarem também em crise não se falaria de outra coisa nos jornais e na televisão do que da crise do médio FC Porto liminarmen­te exposta através de uma exibição medonha da sua equipa de futebol e de uma oratória não menos medonha do seu treinador quando lhes coube receber o Liverpool, um grande que não está de todo em crise como ficou provado em números na noite da passada terça-feira no Dragão.

Não se compreende, portanto, a sanha dos analistas e jornalista­s portistas contra o pobre Barcelona em crise quando, se imperasse o bom senso, só teriam de agradecer ao grande emblema da Catalunha o triste espetáculo proporcion­ado na Luz que, de tão triste que foi, abafou por completo a triste realidade do seu médio FC Por- to ao ponto do responsáve­l téc- nico ter afirmado em público que até a equipa de juniores faria melhor contra os ingleses do que fez a equipa de seniores que é como quem diz que não fizeram nada. Mas, de facto, a crise de um médio não vale nada comparada com a crise de um grande e foi assim que toda a amargura, toda a frustração, toda a raiva, toda a indignação de parte muito substancia­l dos analistas nacionais foi despeja- da em cima do Barcelona

que lhes falhou em toda a linha no respeitant­e às expetativa­s que, legitimame­nte, alimentara­m para o jogo com o Benfica. E, assim vimos, gente adulta e qualificad­a, compatriot­as nossos, transferir para a equipa da Catalunha o exercício das suas dores de trazer por casa exigindo, como se para tal tivessem qualquer tipo de autoridade, o despedimen­to do treinador Koeman, uma limpeza do balneário de Camp Nou, a prisão do presidente Laporta e o regresso imediato de Lionel Messi escoltado pelos Super Dragões de Paris até Barcelona.

Melhor fariam estas dolorosas criaturas em comparar-se com um outro emblema médio europeu que provou esta semana o seu estado de crise no âmbito das competiçõe­s de clubes da UEFA. Trata-se do Nápoles, líder do campeonato italiano, que perdeu em casa com a porcaria do Spartak de Moscovo que foi afastado da Liga dos Campeões pelo Benfica que por sua vez viria a golear em casa a porcaria do Barcelona. O Benfica, insensível às dores alheias, joga amanhã com o Portimonen­se e muito vai precisar de dar ao pedal porque, mesmo sabendo-se que também o Portimonen­se não pode contar com o Messi, não deixa de ser um adversário de respeito e que, nos últimos tempos, até tem roubado pontos aos atuais líderes do campeonato português que é outra grande porcaria.

A CRISE DO BARCELONA VEIO OCULTAR A CRISE DO FC PORTO E SÓ POR ISSO MERECE GRATIDÃO

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