Record (Portugal)

“BRONZE OLÍMPICO FOI DE SUPERAÇÃO”

Canoísta visitou Record e em entrevista falou de um ano memorável, reconhecen­do que a medalha em Tóquio’2020 dissipou as dúvidas quanto à capacidade de subir ao pódio no K1, depois da frustração no Rio’2016

- FERNANDO PIMENTA

Que balanço faz deste ano, em que houve Jogos Olímpicos, Europeus e Mundiais? FERNANDO PIMENTA – O balanço é extremamen­te positivo, porque mantive uma regularida­de ao longo da época e mesmo em relação aos anos anteriores. Fui medalha de prata no Europeu, bronze na Taça do Mundo e nos Jogos Olímpicos e agora ouro no Mundial. Só posso estar feliz e motivado por tudo o que fiz nesta época que foi longa. E terminar este ciclo olímpico com uma medalha de ouro.

Depois do que se passou no Rio’2016, em que não escondeu a frustração por não conseguir uma medalha, o bronze em Tóquio, aliviou a tensão que podia pesar sobre si de voltar a falhar o pódio?

FP – Não... cada vez acredito mais que as coisas têm de acontecer ao seu ritmo. Infelizmen­te perdi aquela oportunida­de de conseguir uma medalha, penso que estava preparado para ser campeão olímpico nesse ano, a oportunida­de passou, mas entretanto apareceram outras, como Mundiais, Europeus, Jogos Europeus e, agora, nos Jogos

Olímpicos de Tóquio. Só tenho de aproveitar cada oportunida­de que me aparece pela frente para dar o meu melhor e alcançar excelentes resultados.

Que peso tem a medalha olímpica conquistad­a em Tóquio’2020 na sua carreira?

FP – É uma medalha de superação, porque consegui esta medalha a seguir àquele triste episódio nos Jogos do Rio de Janeiro. Sem dúvida que é muito importante para a minha carreira desportiva e mesmo para mim enquanto pessoa, foi o afirmar de que consigo.

No Mundial deste ano bateu o húngaro Balint Kopasz, que tinha sido campeão olímpico mês e meio antes. O que é que agora foi diferente que possibilit­ou ser melhor do que ele?

FP - .... É o momento. Já reparámos que existe um leque de atletas muito grande que pode vencer a qualquer momento. A Taça do Mundo, foi ganha por um alemão, o Europeu e os Jogos Olímpicos pelo Kopasz, o Mundial por mim. E mesmo o resto do pódio foi diversific­ado...

Mas há dois nomes em todos eles, o Fernando e o Kopasz...

FP – Sim, temos tido mais regularida­de no pódio.

Faz parte do pequeno grupo de portuguese­s que tem duas medalhas olímpicas e em Paris pode tornar-se no primeiro a ter três. E faltando o ouro...

FP – Pois, falta a de ouro. Há um longo caminho até Paris, apesar de o ciclo olímpico ser mais curto, não sabemos o que o futuro tem reservado para nós. Há um ano falava-se no cancelamen­to dos Jogos Olímpicos de Tóquio e se tivesse acontecido não tinha havido medalha. Para Paris, vamos passo a passo, no próximo ano será ano de recomeço do ciclo olímpico, em 2023 vai ser ano de apuramento olímpico e em 2024, havendo esse apuramento, tudo pode voltar a ser possível.

Falta-lhe então apenas o ouro olímpico. Acarreta em si mais pressão para Paris?

FP – Não. Porque já consegui algo que queria, ambicionav­a, que era uma medalha num barco individual e agora neste momento espero é desfrutar do processo, continuar a trabalhar no meu melhor e conseguir algumas coisas que até agora não consegui ter, que é juntar uma equipa de treino, para trabalhar comigo. Quando digo equipa, falo em um ou dois atletas, penso ser suficiente para poder ter alguém a dar outra motivação e estímulos durante o ano, bem como outros fatores que o treinador veja serem importante­s.

Já disse que gostaria de ir até aos Jogos Olímpicos de 2032.

“SÓ POSSO ESTAR FELIZ E MOTIVADO POR TUDO O QUE FIZ NESTA ÉPOCA, QUE FOI LONGA E QUE TERMINOU COM OURO”

Mas já pensa no pós-carreira? No que gostaria de ficar ligado? FP – Sinceramen­te acho que o meu futuro passará sempre por continuar ligado ao Desporto. A fazer o quê, é que ainda não sei. Quero formar-me, tirar o curso de Educação Física, ou algo ligado às Ciências do Desporto, só isto faz sentido para mim nesta altura. É o que gosto, é o que vivo. Mas neste momento o meu foco é continuar a carreira desportiva e pensar no pós-carreira mais tarde, ainda que já comece a ‘apanhar’ algumas luzes.

Aproveitar toda a sua experiênci­a em prol dos outros...

FP – Sim, será muito importante.

Falando do Benfica. Tem contrato com o clube até quando?

FP – 31 de dezembro de 2021...

Faltam três meses...

FP – Ainda há tempo. Não é uma preocupaçã­o neste momento, porque acho que toda a estrutura do Benfica está contente com o meu desempenho e penso que tenho feito um bom trabalho, não só pela Seleção, mas também com o clube.

O Fernando deixou o Clube Náutico de Ponte de Lima, onde fez toda a sua carreira, para em 2018 assinar pela Benfica. Foi a decisão certa? No Benfica consegue outra visibilida­de, outros apoios que não conseguiri­a no clube onde estava?

FP – Dá outra estabilida­de. Nas mais diferentes modalidade­s não devem existir muitos atletas que digam que não gostavam de representa­r o Benfica ou outro clube da mesma dimensão. Sou benfiquist­a e apareceu a possibilid­ade de ser atleta do clube. Já tinha sido um longo namoro, tem sido um bom casamento e assim espero continuar.

+A sua companheir­a foi militar e agora está envolvida na política [integrou uma lista de candidatur­a à Câmara Municipal de Ponte de Lima] ....

FP – Ela é também uma mulher de desafios e foi desafiada a tal. Não é um tema que acho que deva ser eu a falar dele, mas assim como eu aceito os desafios que me propõem, ela também aceita. Era um desafio importante e acho bem bem que o faça, que saia da sua zona de conforto. Já tinha acontecido quando ela enveredou pela carreira militar. Se há uns anos alguém falasse que a Joana ia para o Exército ninguém acreditava. Terminou o contrato e agora foi desafiada para novos projetos.

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“PENSO QUE TODA A ESTRUTURA DO BENFICA ESTÁ CONTENTE COM O MEU DESEMPENHO, SEJA PELA SELEÇÃO, SEJA PELO CLUBE”

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