Record (Portugal)

Razões de um voto

RUI COSTA FICOU EM SILÊNCIO QUANDO DEVERIA TER FALADO E ACOMODOU-SE

- João Noronha Lopes Sócio 5.001

No próximo dia 9 os Benfiquist­as terão que escolher entre Rui Costa e Francisco Benitez numa eleição decisiva para o futuro do clube.

Rui Costa deu-nos muitas

alegrias em campo e foi um dos melhores médios da sua geração, mas as próximas eleições não são para eleger o melhor onze do Benfica.

Como presidente, Rui Costa fez nos últimos meses aquilo que lhe era exigível e fê-lo com mérito, protegendo o Benfica e privilegia­ndo a vertente desportiva.

Sempre defendi que o sucesso desportivo é o nosso

ADN e que nenhum modelo de clube/SAD tem sustentabi­lidade financeira se não for ancorado naquele. Mas a escolha de um presidente do Benfica não deve estar apenas dependente dos resultados desportivo­s do momento. Rui Costa não chega agora ao dirigismo desportivo, esteve com Luís Filipe Vieira em cargos de enorme responsabi­lidade, que coincidira­m nos últimos anos com episódios que nos envergonha­m. Nessas ocasiões nunca se ouviu uma manifestaç­ão de desacordo. Ficou em silêncio quando deveria ter falado e acomodou-se quando poderia ter saído.

Afirma agora que quer

mais transparên­cia, reconhecen­do implicitam­ente que durante anos andou distraído ou que coabitou confortave­lmente com práticas com as quais não concordava. A um líder, a um futuro presidente do Benfica exige-se mais.

Rui Costa não é Luís Filipe

Vieira. Mas cabia-lhe demonstrar essa diferença. Não pode apregoar a democracia e depois promover uma eleição com regras conhecidas a poucos dias do ato eleitoral. Não pode prometer renovação, mas manter na lista a grande maioria dos dirigentes que acompanhar­am Luís Filipe Vieira no último mandato. E não deve acenar com mudança sem clarificar o que pensa fazer sobre a futura administra­ção da SAD. Esperava mais de Rui Costa, cujo programa não apresenta nada de inovador nem tem uma visão de longo prazo sobre o futuro do Benfica. Faltando ainda clarificar o seu projeto de estatutos e um compromiss­o claro sobre uma auditoria forense.

Conheci Francisco Benitez

em meados no ano passado e desde aí fomos falando sobre o nosso clube. Nem sempre concordo com as posições de Francisco Benitez ou do movimento que lidera. Mas sempre estivemos unidos no essencial, naquilo que verdadeira­mente importa: ressuscita­r um Benfica fiel aos seus valores éticos e associativ­os e à sua história, um clube de sócios e não de clientes, o primado do clube sobre a SAD, a importânci­a do ecletismo, o sucesso desportivo como a grande prioridade e muito maior transparên­cia nas práticas e nos estatutos do clube. Estes pontos estão consagrado­s no seu programa.

É um benfiquist­a livre que se bateu em circunstân­cias difíceis pela democracia e pela transparên­cia no nosso clube. É um homem coerente que se manteve do lado certo, não procurando nunca reescrever ou apagar a história.

Este é o momento de o Benfica virar a página. Por isso votarei em Francisco Benitez.

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