O laboratório
O futebol tem mudado ao longo dos anos. A tática é cada vez hoje mais discutida e estudada. O posicionamento dos jogadores, o tempo das transições, a velocidade e a intensidade que cada um imprime.
Cada jogador é hoje monitorizado ao detalhe.
Quantos passes falhou, quantos quilómetros correu, quantas assistências fez e quantos cortes efetuou. O futebol não se resume a uma folha de Excel, mas as várias folhas de Excel determinam as escolhas em campo e o modo de jogar de cada equipa.
Recordo-me do futebol de antigamente.
Um bom guarda-redes, um bom ponta de lança e um trinco que varia o campo sozinho, eram muitas vezes suficientes para fazer a diferença. A estes, adicionávamos um marcador de livres (muitas vezes oriundo da defesa), que treinava vezes sem conta estas bolas paradas.
O futebol de hoje é absolutamente diferente.
Estudar o adversário é hoje muito mais fácil. Impedir a genialidade das estrelas é e continuará a ser a parte mais difícil e mais imprevisível.
Este Porto de Sérgio Conceição tem tido metamorfoses interessantes.
Preparou as equipas para os cantos, a subida de um central ao primeiro poste, a pressão alta, a ocupação dos espaços a toda a largura do terreno quando defende, a subida dos laterais e a exigência dos avançados nos processos defensivos. Só ainda não percebi aquela saída de bola (à rugby) com 4 ou 5 jogadores de um lado do terreno…
A nível individual, Taremi é, talvez, o jogador que tenha apresentado mais mudanças.
Sérgio Conceição tem tirado Taremi da área, fazendo povoar o miolo do meio campo para além do último terço. Taremi joga e faz jogar. Marca, faz passes de rutura, tabelas e passes na diagonal. Os centrais não se atrevem a marcá-lo fora da grande área, e com o meio campo mais povoado, sobre sempre um jogador do Porto para qualquer equipa adversária. É uma mudança fantástica que o treinador pediu a este grande jogador.
O futebol hoje é isto, ganha quem estudar mais e executar melhor.
Até os mais talentosos são cingidos a regras. Esta paragem volta a colocar Conceição e a sua prestigiada equipa técnica a refletir em novos antídotos.
O desafio maior talvez seja derrubar o Liverpool em sua casa.
Espero que Conceição e os seus vistam a bata branca no Olival e examinem as jogadas ao microscópio para nos proporcionarem uma alegria maior em Anfield.