‘Sportswashing’ - Quando os fins justificam os meios?
CONTINUAMOS A VER OS CLUBES PORTUGUESES A DEFINHAR POR DEFICIENTE GESTÃO E À MERCÊ DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS, ‘MATCH FIXING’ E/OU AQUISIÇÕES DE ‘PSEUDO-INVESTIDORES’ EM SADS
‘Sportswashing’ é um termo que visa identificar “A prática de um Estado (…) ou nação, utilizando um desporto internacional importante para melhorar a sua reputação - Wikipedia”. Este fenómeno é uma forma de ‘branqueamento’ através do uso do desporto como forma de maquilhar ou apagar determinadas políticas governamentais.
O ‘Sportswashing’ voltou a entrar na agenda europeia
com a recente aquisição do Newcastle, pelo Fundo soberano da Arábia Saudita – um país acusado de violar de forma sistemática os direitos humanos. O caso recente mais marcante foi o assassinato de Jamal Khashoggi, jornalista do ‘The Washington Post’ e crítico do governo saudita, que, alegadamente, terá sido morto dentro da sua própria embaixada na Turquia. O governo saudita admitiu que agentes do seu serviço secreto foram os responsáveis pela morte, mas negou que o Príncipe tenha ordenado o crime.
Tal como outros eventos, desportos e regiões geográficas
(Qatar, China ou Rússia) a Premier League, fruto da sua elevada notoriedade e cobertura global, corre o risco de ser usada por aqueles que apenas pre- tendem parasitar o seu prestígio com o único fim de cobrir políticas e comportamentos, considerados profundamente imorais e violadoras da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em 2016, o governo saudita di- vulgou o ambicioso plano
‘Visão 2030’ em que pretende deixar de ser um ‘mero’ país expor- tador de petróleo e converter-se num Hub económico global. Nesse contexto, o Príncipe
Mohammed Bin Salman (o ale- gado mandante do assassinato) e a Arábia Saudita, têm vindo a implementar uma presen- ça mais assídua no desporto, numa clara tentativa de ‘sportswash’. Em bom rigor nada disto é novo no futebol europeu, pois, como todos sabemos, o Qatar controla o PSG e os Emirados Árabes Unidos são donos do Manchester City.
A alegada falta de investimento no Newcastle
por parte do anterior proprietário, criou uma relação difícil com os adeptos deste clube do Norte de Inglaterra, que visualizam nesta nova realidade, apenas e só, a possibilidade de rivalizar dentro de campo com os clubes de Liverpool, Manchester ou Londres.
Por cá, longe dos holofotes dos ‘petrodólares’ soberanos
mas não longe da essência da mesma estirpe de vírus, aqui continuamos nós a assistir os clubes portugueses a definhar por deficiente gestão e à mercê do branqueamento de capitais, ‘match fixing’ e/ou aquisições de ‘pseudo-investidores’ em SAD’s que não passam de meros oportunistas sem eira nem beira. Por isso, a centralização dos direitos televisivos, mais do que um novo balão de oxigénio ao jeito de ‘Totonegócio 2.0’, terá de pretender alcançar não só mais dinheiro como uma melhor aplicação e gestão dos mesmos. No fundo, o mesmo que Portugal e os portugueses precisam e anseiam na utilização da chamada ‘Bazuca Europeia’ ou ‘PRR’ (Plano de Recuperação e Resiliência). Ou não mais sairemos da cepa torta!