PRÉMIO DE OTÁVIO GERA DÚVIDAS FISCAIS
Pagar bónus em vez de salários dá poupança de impostos. Auditor não levantou dúvidas
çO pagamento de um prémio de assinatura de quase 15 milhões de euros a Otávio, valor que o empresário garante ser equivalente aos salários que o médio iria receber do FC Porto durante os quatro anos de contrato, levanta dúvidas fiscais.
António Samagaio, professor auxiliar no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), refere a Record que “a única questão que pode levantar é fiscal”. “Se for prémio de assinatura em vez de salários, haverá uma poupança que talvez possa ser considerada demasiado agressiva. Mas o auditor não diz nada sobre este tema”, explica, lembrando que os “clubes estão sujeitos a um grande escrutínio da Autoridade Tributária, até por terem o estatuto de grandes contribuintes”. Com esta operação, “o FC Porto aumentou o ativo intangível em 17 milhões de euros, da mesma
“TROCA DE JOGADORES DÁ UM GANHO IMEDIATO DE 14 M€, QUE TERÁ DE SER ABATIDO AOS RESULTADOS FUTUROS”
ANTÓNIO SAMAGAIO, professor do ISEG
forma que aumentou o passivo, até porque esse prémio de assinatura não tinha sido pago a 30 de junho de 2021”. Diferente é a troca de jogadores jovens com o Vitória de Guimarães, que permitiu às duas SADs “reconhecer uma mais-valia de cerca de 14 M€ nos seus resultados”. “Isto é: eram jogadores avaliados em cerca de 1 milhão de euros e deram um encaixe de 15 milhões”, prossegue Samagaio, admitindo que é uma operação que “dá um ganho no imediato desses tais 14 milhões de euros, mas que terão de ser abatidos aos resultados líquidos futuros, enquanto durarem os contratos”. O professor de gestão destaca que “esta operação suscitou dúvidas nos auditores, como se pode ler nas notas: ‘Não obtivemos a evidência de auditoria suficiente que nos permita concluir sobre a adequada valorização destas transações’”.
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